quinta-feira, 18 de julho de 2013

Comida de base


A comida no México é monótona.
Fato!
E não é saudável!
E os hábitos alimentares dos mexicanos também não são saudáveis!
E você está ai pensando.... “Se ferrou, Dé!"
Claro que não, é só saber o que comer....mas este assunto é em outro post.
Sobre as bases da comida mexicana atual, tenho cá minhas teorias que partem lá dos Maias, Astecas, etc.
Os Maias ocuparam grande parte do território mexicano e guatemalteco. Não vou discursar sobre eles agora, mas o lance é que, principalmente os Maias, influenciaram muito o modo de vida dos mexicanos.

Também não vou me aprofundar na história do Mexico, mas sei que o país não sofreu levas de imigrações de diferentes países em diferentes períodos, como o Brasil teve, por exemplo, imigrantes japoneses, italianos, holandeses, alemães, escravos de diversas tribos africanas, etc., e que influenciaram muito a culinária brasileira a ponto dela se perder e se achar, em regionalismos.

O que eu quero dizer é que não houve grandes influencias de povos estrangeiros. Isso é, a culinária mexicana mantém a sua base na culinária maia: milho, feijões e insetos. Tá bom, vai, hoje em dia menos insetos e mais carnes, frangos e pescados.
A base da comida são as tortillas, que podem ser feitas de farinha branca ou farinha de milho.
 
Agua, farinha e gordura.  E já começamos com ponto negativo. .
Você precisa ver a cara de espanto quando eu perguntei a minha funcionária doméstica se burritos era a mesma coisa que tacos.
Parecia que eu tinha perguntado se carne e alface eram iguais.
Pois bem, fui pesquisar no Dr. Google e em livros e descobri o que são; mas não ousei contar à moça, claro. O que eu descobri?
É tudo a mesma coisa! Só muda como você “monta” o prato.
Por exemplo, você sabe o que é Taco? Pensou naquelas conchas duras, amarelas, recheadas com carne ou frango, pasta de feijão e guacamole que servem no TGI’Fridays ou no Taco Loko?
 
Errou!!!! Aqueles são Tacos Dorados, kkk.
Vamos lá, vou explicar do início.
Dependendo do modo como você enrola a tortilla, ou como você dispõe os recheios, o prato pode se chamar Burritos ou Tacos.











Burritos                               Tacos

Se você grelha uma tortilla com queijo, dobrando a tortilla na metade, isso se chama Quesadilla. Quase um queijo quente, só que no lugar do pão, uma tortilla. Sem maionese, catchup, mostarda, tomate, alface, nada.
Se você pega essa Quesadilla e frita em óleo quente, vai chamar Chiallquilles e será servida com pasta de feijão e salsa de tomate (sempre picante, não perca seu tempo perguntando).

 Quesadillas

E aqui temos um capitulo para a Salsa.

Sim, a salsa.

Tudo aqui se come com salsa. Picante, sempre. Ou mais picante, se você quiser. Ou mais e mais picante, se você for corajoso/a. Ou mucho, mucho más picante. E nesse caso, só se você for nativo, porque não tem cabra brasileiro, macho o suficiente, para comer um jalapeño como comem as crianças daqui! E a tal salsa é feita com tomate, cebola, chile, chile, chile e aquele outro ingrediente... chile!
Tem tanto tipo de chile e cada um é usado para uma coisa diferente, que vou ter que fazer um post só para os chiles! Eles colocam chile em pó até nas frutas !!!
Mas vamos voltar à comida de base.
O Maias faziam duas grandes refeições diárias.
Hoje em dia, os mexicanos fazem ... duas refeições grandes e uns lanchinhos entre elas.
Começam com um grande desayuno (café da manhã), com ovos, tortillas, frijoles(feijões), café, e comem, comem.
Lá pelas 11 ou meio-dia, fazem o almoço – que não é o “nosso” almoço, mas sim um lanche tipo os que servem na cafeteria das escolas: mollete (meia baguete com feijão e queijo); quesadillas, chialquiles (quesadillas acompanhadas de frijoles e salsa), tacos, etc.
No meio da tarde, depois que as crianças chegam das escolas, eles fazem a segunda grande refeição. A grande maioria sai da escola ao meio dia ou à uma hora e, por causa dos ônibus ou do trânsito, só chegam em casa lá pelas duas horas.
E a “comida” vai ser lá pelas 15h, 15:30h.  E o que comem?
Sempre tem uma “sopa”, geralmente um legume em purê, misturado com leite e o tal “crema”, que é algo entre o creme de leite, o yogurte natural, a coalhada e o creme fraiche e que tem muita gordura.
Depois vem o “prato fuerte”: uma carne, de vaca, frango, carneiro, cozida em ... salsa, com legumes variados misturados.
E aí os mexicanos vão comer só lá pelas 19h, um snack tipo taco, burrito, quesadilla...
E claro, todas as refeições são acompanhadas por agua fresca (refresco de vários sabores, doce pra caramba), ou refrigerantes (nada diet, ou zero), porque são mais baratos do que a agua.

Parênteses: a agua da torneira é intragável, imbebível e eu coloco gotas de hidrosteril nela pra dar agua pro meu cachorro.

Se tiver alguma nutricionista lendo, já deve estar descabelada. Por essas e outras, a população sofre de diabetes em vários graus. Até existe uma população de indígenas mexicanos – esquece o nome – que é parte de um estudo americano pois 100% das pessoas tem diabetes; parece que é um gene, não me lembro de tudo que a minha médica me contou (e ela foi a um congresso na Dinamarca para saber essa pesquisa).

E tambem por essas e outras que os restaurantes só abrem as 13h e ficam lotados lá pelas 16h; para o almoço, veja bem.
 Enfim, a comida mexicana é monótona e muito gordurosa, mas é muito gostoso ver como as pessoas fazem as variações em cima do mesmo tema. E tem restaurantes de comida típica, mas com toques contemporâneos, que são maravilhosos.
Vale a pena ver o menu do La Tequila, em Guadalajara, onde nós provamos os escamotes (larvas de formiga) e os chapullines (grilos).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Esse é o ninho das formigas sendo retirado da terra.
 
 
Larvas, ok. Parece feijão frito, sem gosto.

 






É assim que as larvas chegam na mesa. Mais agradável, né?

Mas os grilos... argh! Nem tive coragem depois que o meu marido fez uma cara de susto e disse:

- Meio forte! Pura proteína.


Você acha que ei ia encarar depois disso?

- Ni em mi vida !!!



Saludos.

PS: se quem estiver lendo, puder postar um comentário, vai ser legal pra eu saber se estão gostando. Gracias.

Farmacias e Remedios

Ainda no avião, quase chegando na Cidade do Mexico meu filho reclamou de dor de barriga e começou a ir ao banheiro com diarreia. No aeroporto o pai correu pra farmácia e saiu de lá com um “pedialite” local e um remédio contra infecção intestinal, algo como floratil + imosec.
As idas ao banheiro continuaram até o dia seguinte mas ele se recuperou super bem. Ponto para a farmácia e para os remédios mexicanos!

E aqui, um parêntese para contar que existem farmácias enormes que são uma espécie de loja de conveniência; e outras que contam com consultórios médicos gratuitos dentro delas.
Já consultamos um desses médicos, no caso era uma médica, que nos pareceu muito eficiente.
Em outra ocasião, levei meu filho ao medico achando que tinha uma gripe forte. Marquei uma consulta pelo telefone, em um centro médico que haviam me dito ser muito bom, o Hospital de Especialidades que fica em Puerta de Hierro, ao lado do Shopping Andares (esse shopping vale outro post, claro!).
O medico era jovem, falava inglês e perguntou tudo sobre a saúde da nossa família, sobre os hábitos, remédios, etc. No fim, apresentou um diagnóstico de crise alérgica e deu ao menino um tratamento muito parecido com o que o meu medico havia me dado no Brasil, quando tive uma crise alérgica terrível. Gostei do atendimento e o preço é razoável, $600,00, cerca de R$ 100,00.

Em outra vez, levamos nossa filha, também com sintomas de gripe e dor de garganta. Alguns amigos nos indicaram outro pediatra e também gostamos muito. É um senhor que atende em um consultório com móveis pesados em madeira entalhada, brinquedos espalhados na sala e quadros de paisagens nas paredes.
Também falava inglês e nos explicou o que ela tinha – um vírus – e também fez várias perguntas e um exame geral. Ele até nos atentou para um leve “pé chato” que ela tem e nos aconselhou a procurar um ortopedista para evitar problemas futuros. Perguntou se queríamos indicação e nos deu um nome.
Na hora de medicá-la, nada de antobióticos como os nossos médicos plantonistas adoram receitar. Receitou um anti-histamínico e explicou que a tosse é um mecanismo de defesa do nosso organismo e que o vírus também é expulso pela tosse, portanto, ele não ia dar nenhum remédio para cortar a tosse.
Em resumo, pelo pouco que já conhecemos, parece que os médicos daqui são mais “holísticos” que os médicos brasileiros. Talvez porque ganhem melhor e tenham tempo de tratar os pacientes com mais atenção. E isso porque ambos os médicos atendem “convênios”.
Uma curiosidade é que os médicos em geral, nas placas de seus consultórios ou nos papéis dos receituários, colocam o nome da universidade em que se formaram.
Pelo que eu pesquisei, não há muitas faculdades de medicina, mas as que existem são muito boas. E há muitos convênios para que se especializem nos EUA.




Ah! Voltando às farmácias, ainda não saquei exatamente como funciona cada uma.
Parece que uma só vende remédios de fabricação própria , outra vende de tudo (olha a foto acima), mas nunca tem nada (aquele lance: “tem, mas acabou”), umas retéem a receita de antibióticos, outras não.
Mas uma coisa é certa: é possível comprar remédios como Prozac, Daforin e insulinas, sem receita médica. (Hehehehehe, conheço muita gente no Brasil que vai me mandar e-mails pedindo pra comprar umas droguitas e mandar pela família,kkkkk.)
Os preços são bem parecidos com os brasileiros, mas reconheço que o Brasil está mais socialmente correto quando utiliza políticas como a Farmácia Popular e quando vende remédios subsidiados para doenças de base crônicas (pressão alta e diabetes).
Aqui no Mexico, mais da metade da população tem algum tipo de diabetes (pré-diabetes, tipo 1 ou tipo2); e como consequência da diabetes mal tratada, a hipertensão na população também é alta. Mesmo assim, não soube de nada que ajude a população a se prevenir ou a se tratar – aliás, muito pelo contrário, e depois eu explico...
No meu caso, que compro metformina todo mês, vou gastar o triplo do que gastava no Brasil. (Essa é a hora que EU peço pra comprarem no Brasil e me mandarem os remédios....).

Ah! Curiosidade: os remédios que compramos vem com uns medidores “sui generis”. Um deles era uma espécie de colher e tinha medidas tipo “uma cucharada” (1 colherada) e começava com 2,5 ml porém a dose para a Isabela era de 2ml. !?!
Outro medidor, o da foto, tem que ser inserido totalmente dentro do vidro do remédio (sim vidro, não é plástico). E esse medidor não pode ser desmontado, então a lavagem dele é relativamente...ineficiente. Totalmente diferente do que encontramos no Brasil, que são seringas cujos bicos são encaixados na boca do recipiente, sem tocar o remédio que fica (tem a foto também).

Vou pesquisar melhor esse lance de farmácias e também sobre a saúde da população. E se valer um post novo, eu escrevo.

Saludos y Salud , para todos !