quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Tô multada !!!


Tenho 24 anos de carteira de motorista e só tinha levado 2 multas em todo esse tempo.Até chegar ao Mexico, claro!
Minha primeira multa foi com 18 anos, no primeiro dia que peguei o carro, cruzei São Paulo e fui pra faculdade. Imagine uma novata, pegando o carro pela primeira vez porque o pai a obrigou, enfrentando a marginal Pinheiros, Rebouças, caminhos de piolho pra chegar ao Mackenzie as 7:15 da manhã.
Foi difícil, mas nada traumático. Dificil mesmo, e traumático, foi rodar vezes e vezes pelas ruas de Higienópolis atrás de uma vaga para estacionar.
Aí é que o bicho pegou! Sabe o que eu fiz? Parei na esquina da Itambe com a rua Piauí. Na esquina mesmo !
As seis da tarde, tinha um presente no vidro...e sabe que só aí que eu me liguei que eu não podia fazer  o que fazia na rua de casa...parar na esquina, na faixa amarela, etc.
A segunda multa foi uns dez ou doze anos depois. Eu morava no interior de São Paulo e tinha acabado de descobrir um atalho pra ir buscar meu filho no berçário. Lindo, né?
O problema é que era uma descidona gostosa e eu nem me liguei no radar móvel instalado ali. O limite de velocidade era 50km e eu estava a 60km. Não foi tão ruim assim, né?
Depois dessa, não me lembro de ter levado nenhuma outra multa, mesmo porque meus caminhos eram em ruas de baixa velocidade e sempre tinha passageiros vulneráveis no carro. Eu não tinha nem como e nem porque sair correndo a mais de 60km/h.
Até que mudamos para o Mexico.

Comprei meu carrinho (usado, mas lindinho!) e no fim de Agosto já estava pilotando. Pilotando é a palavra certa para essa cidade: aqui ninguém anda de carro, todo mundo corre, ou foge, não sei...O sistema também não me ajuda muito, aliás, está me atrapalhando bastante. Sabe como?
Então, existem símbolos no Brasil que também existem aqui, mas não significam a mesma coisa, e aí eu danço!
Por exemplo: a faixa branca que divide as duas pistas. No Brasil, se ela é pontilhada, você pode ultrapassar, se é contínua, não ultrapasse. O mais importante é que se a faixa é dupla, vc sabe que a rua tem duas mãos.
Aqui no Mexico, as faixas são contínuas, o tempo todo. O que me atrapalha?  Imagine que você está perdida, não existe (acho que é lei, kkkk!) nenhuma placa indicando o nome das ruas, e você entra em uma rua que tem uma faixa continua pintada no chão. O que você pensa? Eu pensei: bem, estou em uma rua de duas mãos. Certo? Se você tiver sorte, sim. Se tiver azar, vai estar na contramão, kkk. E vai dar de cara com uma mega pick-up que vai desviar de você  sem frear.

Os parquímetros. Ah, os parquímetros!
à esquerda, o novos    /        à direita, os velhos
 

Já faz alguns meses que rola uma ação judicial entre a empresa que instalou os novos modelos e a prefeitura. Sei lá o que se passa, mas sei que ás vezes você encontra os dois modelos no mesmo lugar e não sabe qual usar. De novo, se der sorte, usa o correto. Se der azar, vai levar uma multa  e ter que recorrer..... e vai ter dor de cabeça, claro.
Voltando ao tal parquímetro, a escola dos meus filhos fica em uma rua super estreita, e as ruas ao redor não tem quase nenhuma vaga para parar. Na hora da chegada, beleza!, pois a maioria dos pais faz uma fila de carros para as crianças saltarem na frente da escola, e o trânsito até que vai na boa e tem vagas para estacionar.
O problema é na saída. Como meus filhos são pequenos, eu tenho que entrar na escola para retirá-los das classes- eles não podem sair da escola se eu não estiver junto. E para isso eu tenho que chegar pelo menos meia hora antes, se quiser parar na rua da escola (de outra forma vou ter que andar umas 4 quadras com as crianças cansadas...).
E na rua da escola, tem esses tais parquímetros – só que do modelo mais antigo.

E tem também, vários “guardadores de carro” que te dizem: “Não precisa por moeda agora, o guarda não vem”; ou então te falam pra não colocar moedas e se o guarda vier, eles colocam pra você e vc paga pra eles.

O que foi que eu fiz, então? Passei a deixar o carro estacionado, sem moeda alguma, contando que o &%$#@* do carinha iria colocar, conforme combinado.
Até que num dia, eu tive que ficar com as crianças na escola até mais tarde, bem depois da hora da saída.
E o que foi que eu encontrei quando fui pegar o carro? Nenhum carinha na rua, e um belo ticket amarelo no vidro. Terceira multa em 24 anos e primeira no Mexico.
Dia seguinte comecei a encher meu porta moedas com moedas de 1 centavo de peso, que são só as que esse modelo aceita. E detalhe: você só pode colocar 4 moedas de cada vez e isso é igual a 1hora de estacionamento.
Ainda estou pensando como vou fazer nos dias que tenho aula e depois as crianças tem aulas complementares, e a gente tiver que ficar na escola por 5 horas...
Não, não há estacionamentos por perto.... você acha que essa não foi a minha primeira opção?

 A segunda multa foi menos de uma semana depois. E com essa eu estou muito, muito irritada.
Domingão de sol, resolvi levar as crianças à um Parque. O parque é enorme e fica numa área de uso misto, residência e comércios. A rua que dá a volta no parque estava abarrotada de carros estacionados. Alguns subiam em cima da guia, outros não. Alguns estavam em cima de faixas amarelas, outros de faixas brancas. E os minúsculos estacionamentos (para 40 veículos cada um) do parque, que ficam ao longo dessa rua, estavam lotados.
Como eu queria alugar bicicletas, resolvi não ir muito adiante para não ter que andar muito a pé, dentro do parque. E resolvi parar como todos os outros carros: ao longo da rua, com uma roda na calçada.
E fomos nos divertir.
Na volta, aquele ‘maledeto” ticket no vidro: “estacionarse sin derecho; sin respetar la linea amarilla así como en lugar prohibido”. Que linha amarela? Eu estava em cima de uma linha branca! Como assim, estacionamento proibido? Não tinha nenhuma placa e havia zilhões de carros na mesma situação!!!
Agora tenho que descobrir como fazer para pagar essas multas. E já soube que não se paga em banco, provavelmente terei que ir até alguma secretaria de transporte, ou algo assim, e pagar em cash.

 Aliás, esse lance de ter que ir ao local para pagar conta é uma coisa extremamente atrasada aqui.
Imagine você, que temos que ir até a empresa de telefone para pagar a fatura.
É aquela coisa tipo carnê de Casas Bahia, sabe? Só que você não recebe o carnê.
Você não recebe a fatura em casa e vai até o banco que tem conta para paga-la (ou agenda pela internet). Aqui você não recebe fatura. Você tem que ira até lá, no dia certo, e pagar.
Para outras contas de consumo, tipo agua e luz, existem caixas eletrônicos específicos instalados em lojas de conveniência ou shoppings.

 E eu fico aqui pensando: cadê o dinheiro do Petróleo mexicano? Onde é que eles usaram?

O povo não tem educação (em todos os sentidos!), não tem saúde, não tem agua potável, tem pouco ou nada de esgoto tratado, não tem modernidades (a internet é horrível em comparação com o Brasil), o sistema de transporte público é super ultrapassado, e ainda por cima, comem tudo com chille!
Desculpem-me o “mau-humor”, mas duas multas em uma semana é demais para mim, kkkk.

Por essas e por outras eu sempre me lembro de uma piadinha que li, há tempos:

"Às transcedentais indagações que afligem os homens:
- Quem somos?
- Daonde viemos?
- Para onde vamos?
Acrescenta-se uma, mais aterradora:
- Conseguiremos estacionar? "

Saludos !!