quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Curiosidades comida de rua

 O Anthony Bourdain, meu ídolo ( e tambem Jamie Oliver e a Nigela) tinha um programa sobre comida de rua. Ele visitava varios paises em busca das suas tradicionais comidas de rua.
Depois de ver esses programas passei a dar mais valor às comidas de rua. Por onde tenho passado, faço questão- se possivel, claro- de comer algo bem típico, de rua.
 É assim que eu acabo conhecendo a essência de cada país.
Diga-me o que comes e te direi quem és ....
Lembro que, antes de irmos morar na Suécia, eu vi um programa dele em Estocolmo. Ele comia uma coisa maravilhosa chamada Tunnbrödsrulle. Nem preciso dizer que não sosseguei enquanto não comi um desses lá.

então, vamos lá.
Aqui estão algumas das curiosidades que encontramos por aqui:

- Como se sabe,  padaria, como conhecemos no Brasl, só mesmo no Brasil. Esse lance de vender de tudo um pouco, com pão francês quentinho, pela manhã e à tarde; sandubas, refeiçoes, a branquinha no fim do dia, é uma coisa cultural, bem brasileira.
Por aqui temos, em cada esquina (sem exagero!) uma loja de conveniência. Na verdade, são apenas duas lojas que dominam tudo: 7-eleven e Oxo. Na hora da comida, entre 12 e 15h, eles vendem tortillas com diversos recheios e salsas, que os trabalhadores compram. De resto, é como conhecemos de loja de conveniência, sem o lance de ter mesas e banquinhos para aquele cafézinho.

Existem algumas panaderias, mas são espaços com alguns pães e muitos,muitos donuts, biscoitos grandes, recheados ou cobertos, empanadas com recheios estranhos (o tal Mole, que um dia vou tentar descrever o que é!)

Na verdade, as pessoas não tem o hábitos de ir à panaderia para comprar pães - o negocio deles é tortillas!
 Nos supermercados tem um setor que os vende e no mercado aqui perto, vende uma baguete formidável e um outro pão que lembra muito o pão francês
 E onde a gente compra o pão nosso de cada dia? Na rua! Sim, existem pessoas que vendem pães na rua. Perto da escola fica uma senhora, com um cesto enorme, que vende um pão tipo o italiano, que é muito bom.  E são pessoas que ficam sempre nos mesmo pontos, nos mesmo horários. Um motorista me disse que quem os abastece são as tais panaderias.

- Pão na mão, quer dizer, no carro, café , se você tiver passado no drive thru de alguma Starbucks no caminho e, jornal. Lembra aquela época em que sempre havia gente vendendo jornal nos semáforos, pela manhã? Aqui é assim. E tem tambem alguns periódicos gratuitos, mas não são lá grandes coisas. Com esse ítens, você está "listo" para enfrentar o trânsito para ir ao trabalho ou deixar as kids na escola.
´
- Bateu uma vontade de comer algo e não quer apelar para uma loja de conveniência, com suas comidas "chatarras"? É só ir até uma rua mais movimentada e vai encontrar barraquinhas que vendem frutas frescas cortadas, em potes de plástico. Os caras cortam as frutas na hora e colocam no pote para você. Parece legal, né? E é, até o dia que você se dá conta de que o balde com agua turva ao lado da barraca, é onde ele lava as frutas e as facas.... Não tem torneira e agua corrente na rua, ne´?

- E se você não teve coragem de encarar o vendedor de frutas, não vai nem querer parar nas barraquinhas deliciosamente cheirosas, que vendem comida na rua ! A comida parece ser bem feitinha, o problema é, digamos, um certo nojo- mais cultural que real- de como a comida é servida: o vendedor pega  um prato de plástico, cobre com um saco plástico e coloca a comida em cima desse prato, coberto com o saco plástico. Lembrando que tudo aqui se come com salsa, muita salsa, que lambuza todo o prato. Ao menos eles te dão colheres de plástico para comer. Quando você acaba, eles retiram o saco plástico do prato, colocam outro e servem outra pessoa...
Isso me faz lembrar do meu pai contando sobre os lugares onde ele tinha que comer, quando foi revisar umas obras no Peru e Equador, há 30 anos atrás. Igualzinho! A única diferença é que, para manusear o dinheiro, hoje em dia eles usam um saquinho plastico nas mão. Naquela época, nem isso...

- Existe uma bebida "muy mucho refrescante" como se diz em Guadalajara, que chama Tejuino. É algo tipo um chá, com limão e mais alguma coisa que não sei ao certo.Sei que é feito com massa de milho, que fica fermentando em uma panela de barro... Estou perseguindo o tiozinho que vende isso em frente `a escola dos meus filhos, porque me disseram que é o melhor da cidade. Ele vem todo dia no verão, no meio da tarde, mas os dias que ele estava eu não tinha $$$. E os dias que eu tinha, estava chovendo muito e ele não apareceu. Mas não saio daqui sem provar!

 

- e o tejuino me leva a outra coisa: Nieve de garrafa.
Se parece com a nossa raspadinha, na consistência; mas é feita de maneira bem artesanal, com agua ou leite e açucar. Depois, já na copinho de servir, eles colocam os tais xaropes que dão os sabores. (E o tiozinho do Tejuino serve com nieve...)


 
 



That's all folks!

Nos vemos!!!

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Sushi mexicano!

Pois bem!
Depois de dois meses no Mexico, bateu aquela vontade paulistana de "comer um japa".
Acostumados que somos, com o melhor restaurante japonês do Vale do Paraíba (No Barko, em São Jose dos Campos, delicia !!!!!), já fomos descartando esses restaurantes japoneses de ruas meio duvidosas, por aqui.



Perto de casa até tem  um, em uma esquina, que diz no letreiro: Sushi & Burger.
Por aí já dava pra sacar que o lance do mexicano não deve ser comida japonesa. Não do jeito que a gente conhece.

Meu palpite? Em algum momento, alguem iria aparecer com uma tortilla, um chile ou quiça, um frijole. Poderia até rolar um peixe cru enrolado em uma tortilha, temperado com chile, quem sabe?
Mas nada do que imaginamos estaria perto do que iriamos encontrar....

Resolvemos escolher um restaurante em um local "chic", "gourmet", da cidade e la´fomos nós.
Pouco antes, as crianças já tinham jantado pizza na praça de alimentação de um shopping e entramos no tal restaurante que já começou surpreendendo pela musica: aquela bate-estaca em volume altíssimo, apesar dos clientes serem basicamente pais e filhos.

O lugar é bacana, as mesas são retangulares e entre elas passa uma esteira que carrega os pratinhos com os rolinhos de sushi.
O esquema é interessante: nessa esteira vão passando os tais pratinhos, de 3 ou 4 cores diferentes, com 4 rolinhos cada um e com um número de identificação.
Aí você abre o menu e desvenda a cor do prato (que é o valor) e o que cada número contem.

Pra começar, a garçonete nos sugeriu pedir um prato de sashimi, que não vem na esteira.
Beleza! Sashimi é sashimi, certo? Peixe cru. Só. Talvez um pouco de alguma verdura, alface, nabo ralado para decorar, mas no prato, só o peixe, certo?
Errou!
Chegou um prato, com finissimas fatias de um peixe cor de burro quando foge, com rodelinhas de "O que é isso: tomate cereja, pimenta dedo de moça?" e   imersas em um molho de tomate aguado (lembrando que, no Mexico, nenhuma salsa é inocente: são todas picosas !).
Quem está na chuva, vai se ferrar, com certeza, né?
Colocamos o Shoyu no pratinho e espetamos os palitinhos no tal peixe.
A começar pelo Shoyu, nada tinha gosto de nada, a não ser de chile, picante, muito picante!
O Shoyu que os caras usaram parecia agua suja, sem sal e sem gosto....

No meio tempo, entre uma pimenta, digo, um sashimi e outro, começamos a recolher os tais pratinhos da esteira.
No ínicio fomos tentando escolher algum que nos parecesse menos mexicano. Com o andar da carruagem, fomos pegando o que ia aparecendo.

Querem saber os sabores?
-pepino, camarão, chile, queijo
-caranguejo(kani), queijo, abacate, pepino
- arroz com gergelim, salmão, pepino e queijo
- abacate, caranguejo, peixe, pepino, queijo e salsa picante
- pasta de caranguejo, abacate, tampico (chile)
- camarão com chile, manga, pepino, queijo e abacate
- atum, robalo, camarão e salmão
- rolinho frito com caranguejo, queijo e aspargos
- salmão, pepino e queijo( esse é o filadelfia deles...)
- o mais estranho: banana envolvendo o arroz, com recheio de camarão, shitake, pepino e queijo
- e o melhorzinho de todos (mas não passa nem perto do skiny do Barko!): salmão, spicy tuna,pele de salmão, abacate e pepino

Claro que no menu também tinha outras coisas, tipo:

- tacos de costela rib eye, com salsa de gergelim
-Yakimeshi com abacate, queijo, tampico(chile) e salsa.













Ficou com vontade?
Eu não....

Inté !




sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Nomes e Sobrenomes - o peso da herança colonial

Você sabe de onde veio seu sobrenome? Ou porque seus pais escolheram seu nome?




Eu sou de São Paulo, paulistana. Não estudei muito o assunto, mas ao longo da minha vida, não conheci ninguem que tenha tido uma familia 100% brasileira. Eram, ou são,  descendentes de portugueses, espanhóis, italianos, japoneses, alemães, etc.
Meu avô paterno era italiano e minha avó, filha de italianos.
Minha avó materna tinha raizes indigenas e meu avô, dizem, tinha ancestrais holandeses. Deve ser verdade pois ele era nordestino, de pele clara e olhos verdes. Mas falava arretado que só!
Uma bela mistura.

Mas, falando sobre sobrenomes, nunca me interessei em saber a origem dos meus, visto que um era nordestino e outro, era italiano.
Tenho um primo (famoso, mas não vou contar quem é, kkk) por parte de pai, que fez uma pesquisa séria para saber da origem do nosso sobrenome. soube que ele chegou até os mouros na Italia, mas ainda não tive oportunidade de conversar com ele sobre isso.

Você sabe porque existem tantos "Silva" no Brasil? Segundo Carlos Eduardo Barata,  que escreveu um livro sobre o assunto, esse sobrenome era dado aos escravos quando chegavam ao Brasil ao serem batizados pelos jesuitas. Eu tambem já li que os escravos recebiam os sobrenomes de seus donos ou até do local onde viviam.

Em outras partes do mundo , o sobrenome derivava do nome do pai ou de um outro antecessor paterno. Sobrenome patronimico !

Por ex, na Suécia e em outros países nórdicos, os sobrenomes eram diferentes para filhos e filhas. Um homem chamado Anders Johansson teve um filho chamado Karl e uma filha chamada Karin. O sobrenome do Karl era Adersson  (Anders (nome do pai)+ son (que significa filho, em sueco)). O sobrenome da Karin era Andersdotter (Anders (nome do pai+ dotter (filha, em sueco))
O engraçado é que essa lei perdurou até pouco tempo- acho que foi até o inicio do seculo XX; por isso tantos suecos tem sobrenomes iguais.
Uma amiga sueca me contou  que,quando um bebê nasce, se os pais são casados, a criança só pode receber o sobrenome do pai. Mas se os pais não são casados, a criança pode levar o sobrenome dos dois.

Já na america latina, parece que quanto mais nomes e sobrenomes, mais nobre é a pessoa.
E dá-lhes imaginação para juntar Andre+Gustavo; Rodrigo+Arnaldo; Rita+Gabriela; Pablo+Emiliano; Lorena+Daniela, e por aí vai...

No Brasil, quando uma criança nasce, se os pais são casados, o bebê recebe um nome, em seguida o sobrenome da mãe e, por último, o sobrenome do pai. Sendo que o sobrenome com maior peso é o do pai, certo?










Pois bem, no Mexico, o bebê recebe o nome, depois o sobrenome do Pai e depois o da Mãe. Entretanto, o sobrenome forte continua a ser o do pai.











E aqui no Mexico, os pais, geralmente, dão nomes compostos para os filhos. E sempre tem um dedinho de religiosidade nisso, alem de homenagearem os avós ou algum parente querido.
Na sala da minha filha tem uma menina chamada Macarena Guadalupe. Macarena em homenagem à avó e Guadalupe, por causa da Virgem de Guadalupe.
Meu vizinho tem o primeiro nome em homenagem ao avô, e o segundo nome é o mesmo do pai. A filha tem o nome da mãe e o segundo nome, em homenagem à outra avó.

Lázaro Cardenas
E claro, tem muitos homens com nomes de políticos importantes: Jose Maria, Augustin, Lázaro, Emiliano...






O mais engraçado é a confusão que as escolas e repartiões publicas fazem quando perguntam nossos dados.A confusão começa porque sobrenome em espanhol é "apellido". E para os brasileiros, apelido é um nickname, algo que alguem pões em você, quer goste ou não...
Primeira confusão desfeita, lá vem a proxima.
Para uma pessoa chamada Ana Maria Oliveira de Souza, tendo pai Jesus de Souza e mãe Maria Oliveira, o diálogo seria mais ou menos esse:

mocinha da recepção: Su nombre?             
Ana Maria:                : Ana Maria
mocinha da recepção: Su primeo apellido?  
Ana Maria                  : Oliveira
mocinha da recepção:Su segundo apellido?
Ana Maria                 : de Souza
mocinha da recepção:Nome de su padre?   
Respuesta:  Jesus
mocinha da recepção:Nome de su madre?   
Respuesta:  Maria

O diploma que ela a ana Maria receberia seria:
Ana Maria de Souza Oliveira  ou invés de seu nome original: Ana Maria Oliveira de Souza

E foi o que aconteceu com o meu filho, que recebeu um certificado de um curso com os sobrenomes trocados...
E vai explicar pra eles que o primeiro nome é da mãe....sociedade machista ......

Saludos!!

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Trânsito, carros, semáforos, enfim

Algumas curiosidades sobre o assunto, aqui no Mexico:


  • Existem avisos nas rodovias lembrando ao motorista que as seguradoras não cobrem os danos se for comprovado que, em caso de acidente, o carro estava acima do limite permitido. (Ponto Positivo, né?)
Onibus e Taxi na cidade do Mexico

  • Sabe aqueles cruzamentos imensos que vc fica horas esperando o sinal abrir para poder virar à direita? Aqui, você pode virar à direita mesmo se o sinal estiver fechado. Por um lado, evita que o trânsito se forme em ruas muito movimentadas, por outro lado, os pedestres estão f* porque...
  • Pedestre e nada é a mesma coisa. Nem na faixa de pedestre e nem no farol fechado para carros.
  • Os semáforos são "deitados" e tem várias coisinhas redondas. Aí, no começo vc fica confuso esperando que alguma luz se acenda pra vc seguir em frente; e depois vc segue em frente de qq maneira porque os outros carros atras de vc ameaçam passar por cima!

  • Nos shopping centeres e grandes supermercados, vc pega o ticket na entrada e na hora de pagar, vc utiliza uns caixas eletrônicos, super práticos, que sempre tem troco. Vc coloca seu bilhete, a maquina calcula quanto vc deve de estacionamento, vc insere as notas, ou moedas, recebe o troco e vai embora. Nada daquelas moças paradas catando mosca nos caixas de estacionamento ...(E não me venha dizer que as maquinas tiraram o emprego dessas moças porque para fazer cada maquina, devem trabalhar muitas moças, né? Mesmo que sejam chinesas...)

Taxi em Guadalajara

  • Os caras são folgados. Um dia, na fila da saida de um shopping, vimos uma big caminhonete sair de uma fila, embicar na outra e forçar a passagem até quase bater em um outro carro, só para poder sair primeiro. O cara do outro carro até reclamou, acho que até xingou, mas não pôde fazer muita coisa: era um corsinha X big caminhonete ! Meu marido e eu ficamos com um pouco de medo: vai que o cara é um narco (como eles chamam os traficantes, por aqui)...
  • Os ônibus daqui parecem saidos dos filmes escolares americanos. São pequenos, soltam fumaças, lentos, e claro, ineficientes para a população em geral.
Carro de Policia na cidade do Mexico




E, por último (por enquanto) : Nunca, em hipótese alguma, saia da rodovia principal, para pegar uma outra estrada. Os pais de uma amiga sairam dos EUA e vieram para Guadalajara. Tudo bem até que, faltando 100km para chegar, eles resolveram pegar uma outra estrada para ir a um povoado. Pararam para almoçar e assim que pegaram  a estradinha, duas caminhonetes os cercaram, roubaram todos seus pertences, levaram o carro, deixaram o senhor só de cuecas, e todos sem sapatos, embaixo de um sol pesado. Eles tiveram que caminhar no asfalto quente, com duas crianças no colo (que graças a Deus, os bandidos não levaram - nas palavras da mexicana!)por quase 1 hora para conseguir ajuda.

Mas tambem conheço um casal que viajou de carro pelo mexico e não lhes passou nada.

Na dúvida, fico com a estrada principal. E nunca viajo à noite.

Saludos.

 

Carros e Carrões

Tem cada carrão por aqui!
Carrão não é bem o termo, melhor seria : cada caminhonete !!!!
Nessa foto abaixo, o muro preto tem quase dois metros, só pra ter uma ideia de escala...


Guadalajara é como uma versão rancheira do Mexico, e a sociedade reflete isso no seu modo de vida e de consumo.
Traduzindo melhor.... sabe o Texas? Ou aquele seriado Dallas (do seculo passado)?
Entonces, os caras aqui tem carrões gigantes, caminhonetes e SVU imensas.
Corta!

Vira pra São Paulo.
Trânsito caótico, motoristas mal educados, estressados, carros pretos ou em todas as gamas de cinzas, poucas cores alem disso.

Volta pra Guadalajara.
Trânsito intenso, pouca educação dos condutores e pedestres, ruas mau sinalizadas, caminhonetes brancas dando fechadas.

Opa! Brancas ?
Sim, brancas. Parece que os moradores daqui amam carros brancos. De cada 10, 8 são brancos, 1 é cinza e 1 é vermelho.
Andei perguntando para diferentes pessoas porque tanto carro branco e cada uma me respondeu uma coisa diferente: " Reflete mais o calor"; "É mais fácil de consertar se for batido"; "Branco suja menos que cores escuras".
.

O motivo ao certo eu não sei, mas o fato é que o branco está em toda parte











Quando regressei ao Brasil, vinda da Suécia, eu queria um carro pequeno(a vida toda tinha tido carros como a palio weekend) e preto. Acabei comprando uma Zafira (que era o tamanho de carro que precisavamos com dois labradores, dois filhos  e a ilusão de surfar todo fim de semana), mas pelo menos era preta.
Assim que mudamos para cá eu avisei: quero um carro pequeno e vermelho. Consegui o carro pequeno, mas teve que ser... branco!

Até o inicio das aulas eu pensava que todo mexicano tinha carrão, e branco.
Porem, no primeiro dia de aula, ao passar por uma escola de gente muito rica,  reparei que na rua só tinha aquelas SVU imensas, de marcas maravilhosas tipo Chrysler, BMW, H (nunca sei se é Honda ou Hyundai...), Mercedez, Dodge, etc..mas que 99% eram cinza metálico.
Isso porque a norma geral é não ostentar porque a industria do sequestro é bem ativa por aqui.
Se bem que os seguranças da escola estão sempre armados, com metralhadoras.
E tambem vi muitos seguranças particulares.

Então, concluo eu, talvez os mexicanos normais tenham carros brancos e os ricaços tenham carros cinzas.
Muda a marca e o modelo, mas são todos grandes.
Cada um na sua faixa de renda...
Mas o sonho de consumo é o mesmo:

  TER para parecer SER.
 

Well, eu sou, e não tenho a menor intenção de ter. Tanto que comprei um carro pequeno, bom, e barato.

E saiam da frente porque aqui a lei é a da selva.

Bi-biiiiiii.

Andrea





quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Saude e habitação

Estou chocada!
Ou talvez desinformada.
Mas por enquanto, chocada!

Conversando com a "muchacha" que trabalha aqui em casa descobri que não existe um sistema público de saúde mexicano, que atenda toda e qualquer população, de graça.

Numa pesquisa rápida, descobri que existe um Seguro (tipo un INSS) para empregados de empresas privadas e outro para empregados de empresas públicas. E há inumeros outros, do tipo dos nossos convênios médicos e odontológicos.
E para quem não tem emprego, ou não paga o Seguro (caso da muchacha aqui de casa), não há nada.
Se você não tiver nenhum tipo de seguro- convênio e sofrer um acidente ou tiver uma doença grave, bau-bau; tchau-tchau; já era; se f....
Existem alguns hospitais sem fins lucrativos ( âhn?) que irão te atender nesse caso grave, e vão te cobrar, pelo atendimento. Vão cobrar pouco, é certo, mas vão cobrar !

E aí penso eu, e a saúde das crianças, gestantes e idosos? Como é que fica se a metade da população não atendida é de pessoas com menos de 29 anos? (fonte:
 
Fiquei imaginando se o Mexico não tem tanta pobreza quanto o Brasil, mas se não tivesse, não teria tanto mexicano imigrando para outros países, certo? E tambem não teria metade da população solicitando ajuda à outras pessoas para pagar gastos com alimentos, aluguel, agua, luz e medicos. (fonte: minha pesquisa no site do Instituto de Estadistica e Geografia - INEGI, do Mexico).
 
Por outro lado, um dos grandes problemas brasileiros, a falta de acesso à aquisisção de habitação pela população de baixa renda, parece não ser tão preocupante nas cidades mexicanas.
 
Claro que nem todos moram em bairros maravilhosos, com bom serviço de agua , energia e transporte, mas, com o tal Seguro/convênio que os trabalhadores pagam, é possivel acumular "Pontos" para adquirir uma casa, ou um terreno.Como é essa contagem de pontos, ainda não descobri, parece ser meio confusa...
E mesmo pessoas sem muita renda, podem ir ao Banco pedir empréstimos, que serão intermediados por uma especie de Fundação/Associação e poderão pagar seus imprestimos pelo resto da vida. Algo como a Caixa Econômica faz no Brasil, mas sem restrição de renda mínima.
O mais interessante, para mim, é perceber como países com processos de urbanização tão semelhantes, com uma história de colonização tão parecida, podem ser tão diferentes na questão do bem estar social (sem trocadilhos, por favor....).
Eu teria que estudar um pouco de economia, historia social para explicar essas diferenças, mas essa não é minha praia e deixo para vocês.
 
E o que era pra ser um post sobre o caos do trânsito e suas regras maluquetes, virou um choque cultural, kkk
Depois eu falo sobre os carros..
Saludos !
 
 
 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O Homem, os Alimentos e os Deuses. Ou: você é o que você come - na versão Mexicana

Vou logo avisando que este post não é politicamente correto.

Porém, minha intenção é mostrar como a má alimentação  da maioria dos mexicanos, alem de prejudicar a saude da população, tambem está ficando estampada no corpo e rosto das pessoas.
Desde que me tornei pré-diabética, tenho tentado manter uma alimentação saudável e aprendi muito com minhas medicas e nutricionistas sobre os alimentos.
Não sou expert e não vou dar conselho pra ninguem sobre o que, como, quanto, quando comer; mas tenho a impressão de que o Mexico está caminhando em uma direção contrária à que eu estava indo e confesso, isso me chama bastante a atenção.

É notório e bastante interessante a relação das antigas civilizações pré-hispânicas com os alimentos e com os deuses.
No Mexico antigo, a comida era o elo entre os humanos e os deuses.  No calendário agrícola dos antigos, haviam oferendas e celebrações para cada etapa de amadurecimento do milho (Maíz) e cada etapa tinha um deus (Téotl) específico.
Xilonen era a Deusa do Maíz tenro.
Centéotl, o Deus do Maíz normal; e Chicomecóatl, sua contraparte feminina.
Ilamatecuhtli, a Deusa do Maíz maduro.

E você sabe que existiam várias cores de Maíz?
Sim, existia o milho vermelho (cujo Deus era Xiuhtocentéotl)
O milho branco ( Deus Iztaccentéotl)
Milho amarelo (Deus Cozticcentéotl)
E finalmente, o milho negro (e seu Deus Yauhcentéotl)

Não, não existe nenhum milho verde - que alías, não sei porque chamamos de verde se ele é amarelo !!!

E depois os homens domesticaram os feijões (um dia vou ao mercado e conto quantos tipos existem - acho que são dezenas!).
As sementes de cacau eram usadas como moeda de troca e eram bem valiosas, assim como o chocolate quente era uma bebida permitida apenas para nobres e sacerdotes (sempre aquela velha ladainha: o que é bom, não é para o bico do povo).

Enfim, pra não me alongar muito, a questão é que os mexicanos comem hoje, o que seus antepassados comiam. Entretanto, não gastam um terço da energia que os antigos gastavam.
O resultado disso? Gordura acumulada. Onde? No abdomem, claro.Os famosos pneuzinhos.



E pra piorar a situação, eles são viciados em salgadinhos tipo Elma Chips, todos com muita pimenta, é claro, alem de muito sal.
E a mania nacional de não comer salada crua ? Eles usam tomate, cenoura e coentro. cozinham tudo para fazer as salsas e acham que basta.
E fibras? Isso porque aqui tem o amaranto, um cereal rico em ferro,calcio e super nutritivo. Eles fazem doces com amaranto e carregam no açucar e no melado. Não adianta, né?
E agua? Eles trocam por litros de refrigerantes diários (nada diet, viu?)

Enfim, uma alimentação rica em carboidratos, gordura, fritura e sal,  somada à falta de exercícios e à ingestão de salgadinhos e refrigerantes, só pode resultar em gordura acumulada. A tal gordura visceral, que se aglomera ao redor dos nossos orgãos internos e é responsável pelo aumento de diabetes e hipertensão (entre outras doenças) na população mexicana - inclusive em crianças.

O que os Deuses tem a ver com isso, hoje?
Nada.
Os hábitos antigos permanecem - comer uma grande refeição no meio da manhã (quando os  caçadores saiam para a caça) e outra no meio da tarde (quando regressavam da caçada).
A ingestão de alimentos muito calóricos na mesma refeição - e hoje em dia pobres em nutrientes.


E o resultado é esse, principalmente para os corpos femininos no Mexico
 bunda esparramada, e pneus pra todo lado...



Não que eu seja uma beldade, mas  não adianta: a gente é o que a gente come; e o corpo expõe fora o que colocamos pra dentro.



É isso.
Saludos.









quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Mãetorista no México



 
Mãetorista.
Ou para quem não sabe o que significa essa palavra: mãe cuja função é levar seus filhos para a escola, ballet, judô, inglês, musica, natação, dentista, medico, etc...
 
Aqui no México eu acrescento mais uma função às inúmeras funções de mãe: planejadora minuciosa das agendas dos filhos.
O quebra-cabeças (ou rompe-cabezas, como eles chamam) é coisa pra profissional.
Vou explicar:
A maioria das escolas pagas – nem precisa ser dessas escolas bilíngues – começam suas aulas às 8h da manhã.
Eu tenho filhos no pré-escolar (PK) e na escola primária.
Para o PK, as aulas acabam as 12h30minh. E não tem atividades esportivas ou culturais na escola, para esses alunos. Tem um “day care” que quebra o galho para as mães que tem filhos na escola primária poderem buscar todos no mesmo horário.
Isso mesmo, as aulas da escola primaria acabam depois, beeem depois: as 14h30minh.
Para os da primária (acima de 7 anos), as escolas oferecem varias atividades esportivas (natação, basquete, atletismo...) e culturais (robótica, coro, desenho, teatro,...) que começam às 15h e seguem até às 16h15min/16h30minh.
Legal, né? Essa garotada precisa gastar energia e ao mesmo tempo usar a imaginação para chegar a casa faminto, cansado e relaxado. Em outras palavras, prontos para nos deixar em paz com o nosso próprio cansaço.

 E a garotadinha da pré-escola? 3, 4 e 5 anos de idade. Eles também têm muita energia, falam pra caramba, tem curiosidade em tudo, não podem ser largados soltos pela casa com o risco de acharem um esmalte e resolverem decorar paredes, ou beber um remédio gostosinho que vc guardou lá em cima do armário – e nem te conto como subiram lá!
Pois é.
A opção adotada por muitas mães é levar seus pequenos para outra “escola’, assim que eles almoçam – entre 14h e 15h, lembram? – para continuarem atividades lúdicas, desenhando, recortando, etc... Esses locais são espaços legais, sem ser exatamente uma escola, e onde as monitoras brincam e divertem a garotadinha.
Também existem opções de aulas de natação, musica, ballet, jazz. Mas sabe que horas essas atividades começam? As 16h!!! E tem aula até as 19h para crianças de 4 anos!

Juro, se meus filhos ficarem na escola até as 16h30min, consigo mantê-los acordados até as 20h, mas eles vão ficar zumbizando, torrando a paciência, desde as 18h. Fazer tarefa, só se fora assim que chegarem porque depois...
Entonces, o meu quebra cabeças ainda envolve as refeições que esses pestinhas farão durante o dia.
Vamos lá:
Aulas começam as 8h
Entre 10h30min e 10h45min, um recreio de 20 minutos (e lanche, mas quem vai querer gastar tempo comendo?).
As 12h30min, para a pré-escola, mais um lanche de 20 minutos. Para a primária: aula!
As 14h30min terminam as aulas da pre e da primaria.
As 15h começam as atividades extracurriculares.

Opa!! Cadê o almoço?

Well, eu já mencionei em outro post sobre os horários malucos das refeições e acho que agora a coisa toda pira de vez – ou eu piro, kkk.
Recapitulando:
07h15min – café da manha
10h30min – lanche
(12h30min lanche pros pequenos)
14h30min – pausa para a comida (30 minutos e deve ser trazida de casa ou comida na cafeteria)
16h30min- acabam os esportes – dá pra fazer uma boquinha antes do jantar
E aí você está se perguntando: Ué, se tem cafeteria na escola, qual o drama?
O drama, meu amigo, é fazer um brasileiro, picky eater, comer tortilhas cheias de gordura, frijoles amassados e misturados com leite e tudo isso banhado com a legitima salsa de tomate, totalmente picante!
Eu já disse que a comida mexicana é pesada, com muita gordura e muito chile. Para os adultos, é uma questão de querer experimentar e se adaptar. Para as crianças, em especial entre 5 e 18 anos!) já é difícil comer o que tem em casa, experimentar coisas novas em casa e se for verde, então, nem pensar!

 A saída é levar um lanche reforçado, ou uma marmita pra eles comerem na escola. E têm muitos alunos que assim o fazem, especialmente os estrangeiros.
Mas vamos combinar: comer de marmita todo dia enche o saco! Da mãe e do filho, né?

 Contudo (só pra não ficar repetindo o “mas”), o nome do post é “Mãetorista” e aí vai o ponto:
As 14h30min almoça com as kids na escola, de marmita.
As 15, acompanha o mais velho para o esporte
As 16h já está em outro lugar da cidade (perto porem com um transito...) para a aula de ballet em uns dias e aulas de musica, em outros- locais diferentes...
Mas o mais velho acabou o treino as 16h15min, deve estar com fome e te espera, de mau humor, até as 17....:30h, quando o ballet/musica, acabou e vc voltou pra escola.
Detalhe: devido aos sequestros de menores, as escolas obrigam aos pais a entrarem na escola para resgatar seus pimpolhos.
Isso significa: nada de parar no portão, dar aquela buzinadinha e esperar o moleque voar pra dentro do carro enquanto os outros carros buzinam.

 E já estou vendo tudo: a pequena vai desmaiar no carro, eu vou ter que achar um lugar para estacionar, vou ter que carrega-la até a escola, vou ter que ajudar o moleque a carregar sua mochila e seu bico de mau-humor e assim seguiremos até o retorno ao lar, lá pelas 18:00, se o trânsito colaborar.

 E eu afirmo: na “latinoamerica,” somos todas mãetoristas.

Só muda a cor e o modelo do carro. Que, aliás, eu ainda nem comprei!!
Como as aulas ainda não começaram, eu tenho uma certa esperança de que essas elucubrações mentais tenham sido em vão e que as coisas sejam um pouco mais fáceis do que aparentam. Ou que eu encontre amigas maravilhosas prontas para um rodízio!

De qualquer maneira, vai ser bem interessante.
Saludos,