domingo, 8 de dezembro de 2013

Riviera Maia - o paraiso para além de Cancun



Você conhece Cancun?
Eu estive lá em 1996 e fiquei muito impressionada com a cor do mar.
Como estava vindo de uma temporada de NY-Miami_Disney, acabei passando a semana toda dentro do mega hotel, só saindo pra visitar chichen-Itza e Xcaret.

Well, este post não é exatamente sobre Cancun, mas é preciso saber um pouquinho da historia dessa cidade mundialmente famosa, para entender que o paraiso vai além dos resorts de Cancun...
Antes da pacificação dos Maias (que só aconteceu na segunda década do sec XX), essa parte do Mexico era considerado um território inóspito e mesmo depois da Revolução, com uma politica nacional de desenvolvimento da industria e a urbanização , essa parte continuou um pouco esquecida, apesar do governo ter a intenção de explorar os recursos naturais e desenvolver a agricultura na região maia.
Um pouco antes da Segunda Guerra Mundial, os EUA obtiveram autorização para construir um aeroporto na ilha de Cozumel e assim, estabelecer uma importante rota comercial entre Miami e a peninsula de Yucatán.

Com o embargo a Cuba e para deter um possivel avanço do comunismo no Caribe, os EUA se comprometeram a impulssionar o desenvolvimento dos paises que firmassem a Carta de Punta del Este e tambem desenvolvessem planos de desenvolvimento do territorio.
O Mexico aproveitou essa "boquinha" e dinamizou a construção de instalações turisticas nas ilhas de Cozumel e Mujeres.
Nessa onda de realizar projetos para ter direito a recursos estrangeiros, o governo mexicano tirou da gaveta o Projeto Cancun, cuja construção iniciou-se em 1970 e em apenas 10 anos, superou em aprox 300% os visitantes de Cozumel. Problemas politicos impediram que houvesse a implantação de qualquer programa de desenvolvimento urbano e o territorio ficou à mercé dos investidores particulares durante mais de uma década - imagine um aumento populacional de mais de 90% e um crescimento turistico de mais de 20%, sem nenhum investimento em infra estrutura (agua, luz, pavimentação, etc...)!
Mas, de qualquer modo, Cancun virou historia e esse nome invoca paraiso de praias azuis,areia branca, margaritas, e muita diversão!

Por outro lado, o incentivo dado ao turismo no inicio da decada de 30, permitiu que outros "points" se desenvolvesse ao longo do corredor Cancun- Tulum.
E hoje em dia, esse pedaço conhecido como Riviera Maia, é um corredor de praias maravilhosas, hotéis fantásticos (alguns na onda ecológica) e grandes parques aquáticos/ecologicos.



E foi pra essa area que fomos durante alguns dias.
Escolhemos um hotel simples, fora de Cancun, em uma praia chamada Xpu-Ha.

Com crianças pequenas, não queríamos um daqueles imensos resorts com all-inclusive, todo tipo de atividade para crianças e adultos e piscinas que concorrem com as belas praias.
Nossa ideia era conhecer alguns lugares e fisemos nossa seleção:
- o parque ecologico Xel-Ha
- outro parque , bem antigo, Xcaret
-  as ruinas maias de Tulum
- a praia de Akumal
- Playa Paraiso
- Cenote dos Ojos

Alugamos um carro em Cancun e pegamos a estrada, maravilhosamente conservada e super sinalizada (nem parece Mexico, se compararmos com Guadalajara, jajajaj)

Os parques são incríveis. Neles se pode nadar com golfinhos (eu totalmente recomendo!!!!) e com tubarões (não tivemos coragem, ...).


Vc só tem que se preparar para ficar de traje de banho o tempo todo, carregando mascara, snorkel e seu colete salva vidas.
No Xel-Ha , mais novo e moderno que Xcaret, o sistema é all inclusive e te dá direito a todos os equipamentos, toalhas, lockers, comida, bebida, etc.
Já no outro parque, vc precisa pagar por todos os equipamentos.

Tulum é um lugar maravilhoso, bem conservado e com uma praia espetacular.
Se você contratar, na entrada do complexo, o passeio de barco com mergulho, com certeza sua experiência maia ficará mais completa.

Ali perto fica a Playa Paraiso, onde você pode passar o resto do dia nas espriguiçadeiras da praia, bebericando e comendo.

Tambem estivemos na Playa Akumal e essa, apesar de não ser tão bem estruturada como a Paraiso (não tem restaurantes, espriguiçadeiras, etc) tem algo que é surpreendente: você pode alugar uma máscara com snorkel e seguir as bóias nadando em aguas transparentes e não muito profundase dar de cara com arraias, tartarugas e peixes imensos.
Eu confesso: esse momento foi o mais legal pra mim. Mais do que nadar com os golfinhos porque se tratava de um lugar totalmente "natural"; não era algo provocado pelo homem; os animais estavam ali, sem serem perturbados.


Incrivelmente lindo e a cor do mar parece uma pintura !

Nosso ultimo dia foi dedicado à um dos Cenotes existentes na região, o Cenote dos Ojos, administrado por 175 familias descendentes dos maias.
Cenotes são, basicamente, cavernas com deposito de agua. e mais do que a importância de ter agua, os maias acreditavam que nesses locais vivia o Deus cuva- chac.
Vestimos roupa de neoprene para aguentar a temperatura fria da agua e mergulhamos de mascara e snorkel na agua cristalina. Se você quiser ,nesse cenote pode alugar cilindro e percorrer a passagem subterrânea que liga os dois cenotes do complexo.


Se você tiver mais tempo, sugiro que visite Chichen-Itza, que fica um pouco mais longe, mas, em termos de ruinas, é impressionante e encantador. eu estive lá em 1996 e pude subir na pirâmide. Soube que hoje em dia não é mais permitido, mas mesmo assim, vale a pena.

Esse passeio todo custa caro, os preços são geralmente em dólares e você vai falar mais inglês do que espanhol.
Os americanos e canadenses preferem os resortes e os grandes complexos enquanto que os europeus podem ser vistos nas praias mais selvagens.
Os brasileiros estão em todo canto, kkk

De qualquer modo, a região toda tem lugares ainda a serem explorados e se você tem um pouco mais de tempo e de gosto por aventuras, divirta-se.
Só lembre-se que, apesar de não parecer, você ainda estará no Mexico e tem que tomar precauções com a dengue, os "trombadinhas", os narcos, etc. Não fique dando bandeira com carteira e celular e nem resolva fazer viagens noturnas.
De resto, divirta-se e aproveite um pedaço do paraiso na terra.

Saludos











sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Dia de Muertos


Dia de Finados ou Dia de Muertos, aqui no Mexico.
 
Esse é um dos feriados mais importantes por aqui, um patrimônio da humanidade pela UNESCO. E uma das festas mais coloridas também.
Agora você deve estar se perguntando: “Festa? No dia de Finados? Que raios de católicos são esses mexicanos?”.
Pois é, a maneira como eles encaram a morte é um pouco diferente da maioria dos brasileiros que eu conheço, independente da religião. E isso tem raizes nas culturas antigas,e que ainda está muito presente no mexicano moderno.
Em relação aos brasileiros no dia de finados, eu os divido em três tipos diferentes:
- aqueles que, nesse dia, visitam o cemitério, compram flores para enfeitar as lápides de seus entes queridos e choram o resto do dia, de saudades dos que se foram.
- aqueles que se reúnem em missas, cultos, para orar pelos que se foram
- aqueles que aproveitam o feriado para viajar. Aqui me incluo pois mesmo tendo perdido pessoas muito importantes para mim, eu nunca fui de visitar cemitério ou ir à missa....

 Então, o que há de tão diferente no dia dos mortos mexicanos?

Tudo!
A visão da morte para as civilizações pré-hispânicas (maias, astecas, zoltecas, etc...) não tinha a conotação moral da igreja católica. Não havia o binômio paraiso/inferno, premio/castigo.
A morte não era tratada como uma ausência, mas sim como uma nova etapa da “vida”.
Trazendo essa visão e mesclando com a dominação católica-hispânica, o resultado é que, os mexicanos entendem o dia dos mortos como o dia em que seus entes queridos virão para uma visita. E ninguém recebe visita com cara fechada, olhos mareados de choro, com a casa bagunçada e sem comida, certo?
E é isso que os mexicanos fazem no dia dos mortos: se preparam para passar um dia com o finado.
Dito isso, devo explicações: a imensa maioria dos mexicanos ainda é católica, com ínfima parcela em outras religiões. E eles não imaginam que o ente querido vá se “materializar” na frente deles, para uma visita. É mais como uma maneira de recordar o morto usando todos os nossos sentidos (olfato, paladar, tato, audição, visão).
O dia 1 de Novembro é o dia de los angelitos, dia dedicado a relembrar as crianças que morreram e que iniciam sua viagem/visita na noite de 31 de outubro.
No dia 2 de novembro, feriado, é a data para os mortos adultos, que por sua vez, iniciam a viagem na noite do dia 1°.
Os cemiterios ficam lotados nesses dias, inclusive a noite. E é comum ver familias inteiras fazendo refeições completas junto à tumba/lápide de seus entes queridos

Cá entre nós, eu fico aqui pensando... se essas almas realmente viajassem para essas visitas e já que a recepção é tão calorosa e agradável, quem é que gostaria de voltar para o outro lado?
Eu, hein?!  Na minha imaginação fértil, isso daria um bom livro/filme... uma alma que veio visitar sua familia e resolveu ficar. Já pensou?

Well, voltando as coisas mais séries e nem por isso menos interessantes...

A morte tem inúmeras representações na cultura mexicana. Inclusive, as Catrinas, caveiras supercoloridas, vestidas e adornadas ricamente, são figuras que povoam toda a arte mexicana. E são lindas !!!!!



 O lance é que, toda família mexicana prepara em casa um altar com vários itens para celebrar esse dia, essa visita.
Usualmente, esse altar tem três níveis: céu, inferno e purgatório. Mas há quem faça com muitos mais níveis. Uma simples caixa de sapato, unida à outra e à outra, revestida com papel colorido já basta. Para adornar, uns palitos tipo churrasco, cercam as bordas, onde se colam outros papeis coloridos, lembrando algo da nossa Festa Junina.
O altar, em si, pode ficar em cima de uma mesa ou aparador, ou ser grande o suficiente para reunir todos os demais itens em si mesmo.

Os mexicanos imaginam que o ente querido vá fazer uma viagem até a casa de sua família e para isso preparam um altar com coisas que irão facilitar a sua “viagem”.
Cada oferenda e item do altar tem um significado:
- um copo de agua: para matar a sede do visitante e também porque representa a pureza da alma
- a comida preferida do morto (ele vai estar com fome depois da grande viagem, certo?)
- as  velas – para iluminar o caminho
- o retrato do defunto – que é colocado de costas e frente a ele se coloca o espelho para que o defunto só possa ver a  seus familiares.
cruz feita com a flor cempasuchil

- a cruz católica (introduzida depois da invasão hispânica...)









- velas – será a luz para guiar o morto pelo caminho até o altar


- copal e incenso : o copal é um elemento pré-hispânico que servia para purificar as energias de um lugar e o incenso serve para santificar o ambiente  



- arco- esse arco simboliza a entrada do mundo dos mortos e geralmente é adornado com flores amarelas dessa época, cempasúchil

- papel picado –  para representar a alegria de receber essa visita





- caveiras – calaveras de açúcar, ricamente decoradas e que servem para recordar que sempre estamos presentes  

- pão típico : el pan de muerto, um pão feito com farinha branca, açúcar e casca de laranja. Esse item também foi agregado com a evangelização dos índios e representa a eucaristia

- bebida : geralmente alcoolicas – tequila, o mezclal, etc...
- objetos pessoais – por ex, se o defunto fumava, um cigarro; se gostava de musica, um violão, e assim por diante

Com todos esses itens nas mãos, basta escolher o lugar e montar o seu altar.
Se você é estrangeiro e nunca fez nada parecido (como eu), pode comprar todos esses itens em uma feirinha no Parque Morellos, bem no centro da cidade, cujas barraquinhas, nessa época do ano, só vendem essas coisinhas. Digo coisinhas porque você pode optar por ter no seu altar os itens em tamanho natural, ou compra-los em miniaturas, as vezes feitos de resina, as vezes de papier maché.

 
Esse foi o altar que fizemos em casa e ficou "muy rico".
 

Nas escolas mexicanas, as crianças são convidadas a confeccionar um altar em conjunto, geralmente para personalidades da historia mexicana.


Esse foi o altar - imenso- que fizeram na escola dos meus filhos.
















É dificil passar o tipo de energia que se sente nessa época aqui no Mexico. Parece uma festa, mas com muito respeito.

Os cemitérios mais concorridos e com tumbas interessantes, organizam tours monitoradas durante esse período, uma vez que os mexicanos se preparam para esse evento com semanas de antecedência.
Infelizmente nós não tivemos pique de encarar esse ritual, mas talvez façamos em um outro ano.
Afinal, não é qualquer cemiterio que tem a tumba do Vampiro, ou do menino que tinha medo do escuro e cujo caixão voltava à superfície todas as noites!
Lendas do cemiterio local, caros amigos....

Eu não sei quanto aos outros estrangeiros que vivem no Mexico, mas minha familia e eu vamos adotar esse hábito de construir um altar para nossos mortos queridos no dia de finados, mesmo que a gente não mais viva no Mexico.
Me pareceu uma maneira muito agradável de celebrar o tempo que tivemos com pessoas queridas.

Não sei, posso ser muito "boba", mas depois dessa celebração, a dor da perda me pareceu mais suportável.
Claro que nunca o vazio deixado por uma pessoa amada vá ser preenchido com papel picado, incenso ou pan de muerto.
Mas definitivamente, para mim, esse vazio parece um pouco mais cheio de uma presença suave, como se essas almas realmente tivessem nos visitado e soubessemos que essas visitas irão voltar e poderemos novamente estar com elas.

Com um pouco de atraso, mas com a melhor das intenções:
Feliz dia de los muertos, para vocês!



















sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Hablas español?

Espanhol que nada! Hablamos portunhol! Kkkkk

Que aprender o espanhol é muito mais fácil para um brasileiro do que para outros povos, isso é fato.
Mas daí a pensar que falamos espanhol só porque entendemos tudo que os argentinos, mexicanos e espanhõis falam, isso é meio petulante da nossa parte, né?

Pois bem, assim como o português falado no Brasil parece uma outra lingua conforme você vai de uma região à outra, o espanhol falado em cada país tambem é diferente. E dentro de cada país, a lingua tambem tem suas particulariedades.

Por aqui temos encontrado muitos latinos e começamos a perceber as sutilezas de cada povo.
E o mais divertido é a provocação  entre eles!
Como os ingleses que dizem que os americanos, australianos e canadenses deixaram de falar inglês faz muito tempo, kkkkk

No meu grupo de amigas tem colombianas, argentinas, mexicanas e eu...
E das que eu menos entendo estão as argentinas. Demorei pra perceber a diferença. Você sabe?

Peguemos a palavra "ontem" em espanhol, para exemplo: AYER.
Minha amiga mexicana fala : adjér
A colombiana, algo entre alhér e adchér , não saquei, ainda.
A argentina fala: achér (como o nosso axé, mas como "r" no final)
E tambem já ouvi um cubano falando: aiér.

Fora que os mexicanos de Guadalajara rponunciam o "V" como se fosse "B".
Por ex: Viviana  se pronuncia Bibiana
E aí, para escrever eles perguntam :
- Bibiana com "B chica" (v) o con "B grande" (b)

Qual a pronuncia correta? Todas!
Ou vai dizer que nordestino não fala português por causa do sotaque (arretado de bom!)?

E quando um brasileiro "acha" que sabe falar espanhol  e passa a trocar "ção" por "cion", e pensa que está abafando?
Só rindo mesmo...

O mais engraçado de uma lingua tão parecida é o significado totalmente diferente de algumas palavras e expressões. e que rende surpresas e muitas confusões.
Quer testar seu nivel de espanhol/mexicano?
Tente adivinhar o que significa essas :
1) Prender la tele
2) tirar la basura
3) Bajar ao sótano
4) Tomar el tren ligero
5)Parada de camion
6) Subir a la banqueta
7) Tirar agua
8) Pollo en mole
9) Aula
10) Taller
11) El trae un jeans
12) Rojo
13) Vaso
14) Estar bien parado
15) Meter la pata

Vamos ao resultado...
1) Prender la tele - ligar a televisão
2) tirar la basura - jogar o lixo fora
3) Bajar ao sótano - descer para o porão (Essa é boa, né?!!!)
4) Tomar el tren ligero - pegar o metrô
5)Parada de camion - ponto de ônibus
6) Subir a la banqueta - subir na calçada
7) Tirar agua - saindo agua
8) Pollo en mole - mole é um tipo de molho mexicano (no me gusta...)
9) Aula - é a edificação, a aula do brasileiro é classe
10) Taller - oficina
11) El trae un jeans - Não, ele não está trazendo um jeans, ele esta "vestindo" um jeans
12) Rojo -  ahá ! Peguei você: rojo não é roxo, é vermelho.
13) Vaso - copo. Nada de pedir um vaso para colocar flores, hein?
14) Estar bien parado - é uma expressão que diz: Tem as costas quentes, conhce gente importante
15) Meter la pata - quer dizer: F... tudo; Danou-se!
16) Alto - Se vc vir uma placa com Alto, PARE! mesmo que você seja baixinho....

E aí? quantos você acertou?

E nessas de ouvir de tudo, aprendi um verbo que a cara da minha filha:
CANTINFLEAR - A ARTE DE FALAR, FALAR E NÃO DIZER NADA
O mais interessante é que esse verbo vem do nome de um artista mexicano, Cantinflas. Ele era um comediante e tem uns filmes muito legais. Era  mestre de falar pra caramba e deixar todos aturdidos, sem explicar nada, kkk
Quer conhecer um pouco dele? Digita aí: http://www.youtube.com/watch?v=XAXtsS-womk
Tem outro filme que não achei agora, mas ele deixa a policia sem saber o que fazer, kkkk
divirtam-se

Saludos !




quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Tô multada !!!


Tenho 24 anos de carteira de motorista e só tinha levado 2 multas em todo esse tempo.Até chegar ao Mexico, claro!
Minha primeira multa foi com 18 anos, no primeiro dia que peguei o carro, cruzei São Paulo e fui pra faculdade. Imagine uma novata, pegando o carro pela primeira vez porque o pai a obrigou, enfrentando a marginal Pinheiros, Rebouças, caminhos de piolho pra chegar ao Mackenzie as 7:15 da manhã.
Foi difícil, mas nada traumático. Dificil mesmo, e traumático, foi rodar vezes e vezes pelas ruas de Higienópolis atrás de uma vaga para estacionar.
Aí é que o bicho pegou! Sabe o que eu fiz? Parei na esquina da Itambe com a rua Piauí. Na esquina mesmo !
As seis da tarde, tinha um presente no vidro...e sabe que só aí que eu me liguei que eu não podia fazer  o que fazia na rua de casa...parar na esquina, na faixa amarela, etc.
A segunda multa foi uns dez ou doze anos depois. Eu morava no interior de São Paulo e tinha acabado de descobrir um atalho pra ir buscar meu filho no berçário. Lindo, né?
O problema é que era uma descidona gostosa e eu nem me liguei no radar móvel instalado ali. O limite de velocidade era 50km e eu estava a 60km. Não foi tão ruim assim, né?
Depois dessa, não me lembro de ter levado nenhuma outra multa, mesmo porque meus caminhos eram em ruas de baixa velocidade e sempre tinha passageiros vulneráveis no carro. Eu não tinha nem como e nem porque sair correndo a mais de 60km/h.
Até que mudamos para o Mexico.

Comprei meu carrinho (usado, mas lindinho!) e no fim de Agosto já estava pilotando. Pilotando é a palavra certa para essa cidade: aqui ninguém anda de carro, todo mundo corre, ou foge, não sei...O sistema também não me ajuda muito, aliás, está me atrapalhando bastante. Sabe como?
Então, existem símbolos no Brasil que também existem aqui, mas não significam a mesma coisa, e aí eu danço!
Por exemplo: a faixa branca que divide as duas pistas. No Brasil, se ela é pontilhada, você pode ultrapassar, se é contínua, não ultrapasse. O mais importante é que se a faixa é dupla, vc sabe que a rua tem duas mãos.
Aqui no Mexico, as faixas são contínuas, o tempo todo. O que me atrapalha?  Imagine que você está perdida, não existe (acho que é lei, kkkk!) nenhuma placa indicando o nome das ruas, e você entra em uma rua que tem uma faixa continua pintada no chão. O que você pensa? Eu pensei: bem, estou em uma rua de duas mãos. Certo? Se você tiver sorte, sim. Se tiver azar, vai estar na contramão, kkk. E vai dar de cara com uma mega pick-up que vai desviar de você  sem frear.

Os parquímetros. Ah, os parquímetros!
à esquerda, o novos    /        à direita, os velhos
 

Já faz alguns meses que rola uma ação judicial entre a empresa que instalou os novos modelos e a prefeitura. Sei lá o que se passa, mas sei que ás vezes você encontra os dois modelos no mesmo lugar e não sabe qual usar. De novo, se der sorte, usa o correto. Se der azar, vai levar uma multa  e ter que recorrer..... e vai ter dor de cabeça, claro.
Voltando ao tal parquímetro, a escola dos meus filhos fica em uma rua super estreita, e as ruas ao redor não tem quase nenhuma vaga para parar. Na hora da chegada, beleza!, pois a maioria dos pais faz uma fila de carros para as crianças saltarem na frente da escola, e o trânsito até que vai na boa e tem vagas para estacionar.
O problema é na saída. Como meus filhos são pequenos, eu tenho que entrar na escola para retirá-los das classes- eles não podem sair da escola se eu não estiver junto. E para isso eu tenho que chegar pelo menos meia hora antes, se quiser parar na rua da escola (de outra forma vou ter que andar umas 4 quadras com as crianças cansadas...).
E na rua da escola, tem esses tais parquímetros – só que do modelo mais antigo.

E tem também, vários “guardadores de carro” que te dizem: “Não precisa por moeda agora, o guarda não vem”; ou então te falam pra não colocar moedas e se o guarda vier, eles colocam pra você e vc paga pra eles.

O que foi que eu fiz, então? Passei a deixar o carro estacionado, sem moeda alguma, contando que o &%$#@* do carinha iria colocar, conforme combinado.
Até que num dia, eu tive que ficar com as crianças na escola até mais tarde, bem depois da hora da saída.
E o que foi que eu encontrei quando fui pegar o carro? Nenhum carinha na rua, e um belo ticket amarelo no vidro. Terceira multa em 24 anos e primeira no Mexico.
Dia seguinte comecei a encher meu porta moedas com moedas de 1 centavo de peso, que são só as que esse modelo aceita. E detalhe: você só pode colocar 4 moedas de cada vez e isso é igual a 1hora de estacionamento.
Ainda estou pensando como vou fazer nos dias que tenho aula e depois as crianças tem aulas complementares, e a gente tiver que ficar na escola por 5 horas...
Não, não há estacionamentos por perto.... você acha que essa não foi a minha primeira opção?

 A segunda multa foi menos de uma semana depois. E com essa eu estou muito, muito irritada.
Domingão de sol, resolvi levar as crianças à um Parque. O parque é enorme e fica numa área de uso misto, residência e comércios. A rua que dá a volta no parque estava abarrotada de carros estacionados. Alguns subiam em cima da guia, outros não. Alguns estavam em cima de faixas amarelas, outros de faixas brancas. E os minúsculos estacionamentos (para 40 veículos cada um) do parque, que ficam ao longo dessa rua, estavam lotados.
Como eu queria alugar bicicletas, resolvi não ir muito adiante para não ter que andar muito a pé, dentro do parque. E resolvi parar como todos os outros carros: ao longo da rua, com uma roda na calçada.
E fomos nos divertir.
Na volta, aquele ‘maledeto” ticket no vidro: “estacionarse sin derecho; sin respetar la linea amarilla así como en lugar prohibido”. Que linha amarela? Eu estava em cima de uma linha branca! Como assim, estacionamento proibido? Não tinha nenhuma placa e havia zilhões de carros na mesma situação!!!
Agora tenho que descobrir como fazer para pagar essas multas. E já soube que não se paga em banco, provavelmente terei que ir até alguma secretaria de transporte, ou algo assim, e pagar em cash.

 Aliás, esse lance de ter que ir ao local para pagar conta é uma coisa extremamente atrasada aqui.
Imagine você, que temos que ir até a empresa de telefone para pagar a fatura.
É aquela coisa tipo carnê de Casas Bahia, sabe? Só que você não recebe o carnê.
Você não recebe a fatura em casa e vai até o banco que tem conta para paga-la (ou agenda pela internet). Aqui você não recebe fatura. Você tem que ira até lá, no dia certo, e pagar.
Para outras contas de consumo, tipo agua e luz, existem caixas eletrônicos específicos instalados em lojas de conveniência ou shoppings.

 E eu fico aqui pensando: cadê o dinheiro do Petróleo mexicano? Onde é que eles usaram?

O povo não tem educação (em todos os sentidos!), não tem saúde, não tem agua potável, tem pouco ou nada de esgoto tratado, não tem modernidades (a internet é horrível em comparação com o Brasil), o sistema de transporte público é super ultrapassado, e ainda por cima, comem tudo com chille!
Desculpem-me o “mau-humor”, mas duas multas em uma semana é demais para mim, kkkk.

Por essas e por outras eu sempre me lembro de uma piadinha que li, há tempos:

"Às transcedentais indagações que afligem os homens:
- Quem somos?
- Daonde viemos?
- Para onde vamos?
Acrescenta-se uma, mais aterradora:
- Conseguiremos estacionar? "

Saludos !!


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Curiosidades comida de rua

 O Anthony Bourdain, meu ídolo ( e tambem Jamie Oliver e a Nigela) tinha um programa sobre comida de rua. Ele visitava varios paises em busca das suas tradicionais comidas de rua.
Depois de ver esses programas passei a dar mais valor às comidas de rua. Por onde tenho passado, faço questão- se possivel, claro- de comer algo bem típico, de rua.
 É assim que eu acabo conhecendo a essência de cada país.
Diga-me o que comes e te direi quem és ....
Lembro que, antes de irmos morar na Suécia, eu vi um programa dele em Estocolmo. Ele comia uma coisa maravilhosa chamada Tunnbrödsrulle. Nem preciso dizer que não sosseguei enquanto não comi um desses lá.

então, vamos lá.
Aqui estão algumas das curiosidades que encontramos por aqui:

- Como se sabe,  padaria, como conhecemos no Brasl, só mesmo no Brasil. Esse lance de vender de tudo um pouco, com pão francês quentinho, pela manhã e à tarde; sandubas, refeiçoes, a branquinha no fim do dia, é uma coisa cultural, bem brasileira.
Por aqui temos, em cada esquina (sem exagero!) uma loja de conveniência. Na verdade, são apenas duas lojas que dominam tudo: 7-eleven e Oxo. Na hora da comida, entre 12 e 15h, eles vendem tortillas com diversos recheios e salsas, que os trabalhadores compram. De resto, é como conhecemos de loja de conveniência, sem o lance de ter mesas e banquinhos para aquele cafézinho.

Existem algumas panaderias, mas são espaços com alguns pães e muitos,muitos donuts, biscoitos grandes, recheados ou cobertos, empanadas com recheios estranhos (o tal Mole, que um dia vou tentar descrever o que é!)

Na verdade, as pessoas não tem o hábitos de ir à panaderia para comprar pães - o negocio deles é tortillas!
 Nos supermercados tem um setor que os vende e no mercado aqui perto, vende uma baguete formidável e um outro pão que lembra muito o pão francês
 E onde a gente compra o pão nosso de cada dia? Na rua! Sim, existem pessoas que vendem pães na rua. Perto da escola fica uma senhora, com um cesto enorme, que vende um pão tipo o italiano, que é muito bom.  E são pessoas que ficam sempre nos mesmo pontos, nos mesmo horários. Um motorista me disse que quem os abastece são as tais panaderias.

- Pão na mão, quer dizer, no carro, café , se você tiver passado no drive thru de alguma Starbucks no caminho e, jornal. Lembra aquela época em que sempre havia gente vendendo jornal nos semáforos, pela manhã? Aqui é assim. E tem tambem alguns periódicos gratuitos, mas não são lá grandes coisas. Com esse ítens, você está "listo" para enfrentar o trânsito para ir ao trabalho ou deixar as kids na escola.
´
- Bateu uma vontade de comer algo e não quer apelar para uma loja de conveniência, com suas comidas "chatarras"? É só ir até uma rua mais movimentada e vai encontrar barraquinhas que vendem frutas frescas cortadas, em potes de plástico. Os caras cortam as frutas na hora e colocam no pote para você. Parece legal, né? E é, até o dia que você se dá conta de que o balde com agua turva ao lado da barraca, é onde ele lava as frutas e as facas.... Não tem torneira e agua corrente na rua, ne´?

- E se você não teve coragem de encarar o vendedor de frutas, não vai nem querer parar nas barraquinhas deliciosamente cheirosas, que vendem comida na rua ! A comida parece ser bem feitinha, o problema é, digamos, um certo nojo- mais cultural que real- de como a comida é servida: o vendedor pega  um prato de plástico, cobre com um saco plástico e coloca a comida em cima desse prato, coberto com o saco plástico. Lembrando que tudo aqui se come com salsa, muita salsa, que lambuza todo o prato. Ao menos eles te dão colheres de plástico para comer. Quando você acaba, eles retiram o saco plástico do prato, colocam outro e servem outra pessoa...
Isso me faz lembrar do meu pai contando sobre os lugares onde ele tinha que comer, quando foi revisar umas obras no Peru e Equador, há 30 anos atrás. Igualzinho! A única diferença é que, para manusear o dinheiro, hoje em dia eles usam um saquinho plastico nas mão. Naquela época, nem isso...

- Existe uma bebida "muy mucho refrescante" como se diz em Guadalajara, que chama Tejuino. É algo tipo um chá, com limão e mais alguma coisa que não sei ao certo.Sei que é feito com massa de milho, que fica fermentando em uma panela de barro... Estou perseguindo o tiozinho que vende isso em frente `a escola dos meus filhos, porque me disseram que é o melhor da cidade. Ele vem todo dia no verão, no meio da tarde, mas os dias que ele estava eu não tinha $$$. E os dias que eu tinha, estava chovendo muito e ele não apareceu. Mas não saio daqui sem provar!

 

- e o tejuino me leva a outra coisa: Nieve de garrafa.
Se parece com a nossa raspadinha, na consistência; mas é feita de maneira bem artesanal, com agua ou leite e açucar. Depois, já na copinho de servir, eles colocam os tais xaropes que dão os sabores. (E o tiozinho do Tejuino serve com nieve...)


 
 



That's all folks!

Nos vemos!!!

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Sushi mexicano!

Pois bem!
Depois de dois meses no Mexico, bateu aquela vontade paulistana de "comer um japa".
Acostumados que somos, com o melhor restaurante japonês do Vale do Paraíba (No Barko, em São Jose dos Campos, delicia !!!!!), já fomos descartando esses restaurantes japoneses de ruas meio duvidosas, por aqui.



Perto de casa até tem  um, em uma esquina, que diz no letreiro: Sushi & Burger.
Por aí já dava pra sacar que o lance do mexicano não deve ser comida japonesa. Não do jeito que a gente conhece.

Meu palpite? Em algum momento, alguem iria aparecer com uma tortilla, um chile ou quiça, um frijole. Poderia até rolar um peixe cru enrolado em uma tortilha, temperado com chile, quem sabe?
Mas nada do que imaginamos estaria perto do que iriamos encontrar....

Resolvemos escolher um restaurante em um local "chic", "gourmet", da cidade e la´fomos nós.
Pouco antes, as crianças já tinham jantado pizza na praça de alimentação de um shopping e entramos no tal restaurante que já começou surpreendendo pela musica: aquela bate-estaca em volume altíssimo, apesar dos clientes serem basicamente pais e filhos.

O lugar é bacana, as mesas são retangulares e entre elas passa uma esteira que carrega os pratinhos com os rolinhos de sushi.
O esquema é interessante: nessa esteira vão passando os tais pratinhos, de 3 ou 4 cores diferentes, com 4 rolinhos cada um e com um número de identificação.
Aí você abre o menu e desvenda a cor do prato (que é o valor) e o que cada número contem.

Pra começar, a garçonete nos sugeriu pedir um prato de sashimi, que não vem na esteira.
Beleza! Sashimi é sashimi, certo? Peixe cru. Só. Talvez um pouco de alguma verdura, alface, nabo ralado para decorar, mas no prato, só o peixe, certo?
Errou!
Chegou um prato, com finissimas fatias de um peixe cor de burro quando foge, com rodelinhas de "O que é isso: tomate cereja, pimenta dedo de moça?" e   imersas em um molho de tomate aguado (lembrando que, no Mexico, nenhuma salsa é inocente: são todas picosas !).
Quem está na chuva, vai se ferrar, com certeza, né?
Colocamos o Shoyu no pratinho e espetamos os palitinhos no tal peixe.
A começar pelo Shoyu, nada tinha gosto de nada, a não ser de chile, picante, muito picante!
O Shoyu que os caras usaram parecia agua suja, sem sal e sem gosto....

No meio tempo, entre uma pimenta, digo, um sashimi e outro, começamos a recolher os tais pratinhos da esteira.
No ínicio fomos tentando escolher algum que nos parecesse menos mexicano. Com o andar da carruagem, fomos pegando o que ia aparecendo.

Querem saber os sabores?
-pepino, camarão, chile, queijo
-caranguejo(kani), queijo, abacate, pepino
- arroz com gergelim, salmão, pepino e queijo
- abacate, caranguejo, peixe, pepino, queijo e salsa picante
- pasta de caranguejo, abacate, tampico (chile)
- camarão com chile, manga, pepino, queijo e abacate
- atum, robalo, camarão e salmão
- rolinho frito com caranguejo, queijo e aspargos
- salmão, pepino e queijo( esse é o filadelfia deles...)
- o mais estranho: banana envolvendo o arroz, com recheio de camarão, shitake, pepino e queijo
- e o melhorzinho de todos (mas não passa nem perto do skiny do Barko!): salmão, spicy tuna,pele de salmão, abacate e pepino

Claro que no menu também tinha outras coisas, tipo:

- tacos de costela rib eye, com salsa de gergelim
-Yakimeshi com abacate, queijo, tampico(chile) e salsa.













Ficou com vontade?
Eu não....

Inté !




sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Nomes e Sobrenomes - o peso da herança colonial

Você sabe de onde veio seu sobrenome? Ou porque seus pais escolheram seu nome?




Eu sou de São Paulo, paulistana. Não estudei muito o assunto, mas ao longo da minha vida, não conheci ninguem que tenha tido uma familia 100% brasileira. Eram, ou são,  descendentes de portugueses, espanhóis, italianos, japoneses, alemães, etc.
Meu avô paterno era italiano e minha avó, filha de italianos.
Minha avó materna tinha raizes indigenas e meu avô, dizem, tinha ancestrais holandeses. Deve ser verdade pois ele era nordestino, de pele clara e olhos verdes. Mas falava arretado que só!
Uma bela mistura.

Mas, falando sobre sobrenomes, nunca me interessei em saber a origem dos meus, visto que um era nordestino e outro, era italiano.
Tenho um primo (famoso, mas não vou contar quem é, kkk) por parte de pai, que fez uma pesquisa séria para saber da origem do nosso sobrenome. soube que ele chegou até os mouros na Italia, mas ainda não tive oportunidade de conversar com ele sobre isso.

Você sabe porque existem tantos "Silva" no Brasil? Segundo Carlos Eduardo Barata,  que escreveu um livro sobre o assunto, esse sobrenome era dado aos escravos quando chegavam ao Brasil ao serem batizados pelos jesuitas. Eu tambem já li que os escravos recebiam os sobrenomes de seus donos ou até do local onde viviam.

Em outras partes do mundo , o sobrenome derivava do nome do pai ou de um outro antecessor paterno. Sobrenome patronimico !

Por ex, na Suécia e em outros países nórdicos, os sobrenomes eram diferentes para filhos e filhas. Um homem chamado Anders Johansson teve um filho chamado Karl e uma filha chamada Karin. O sobrenome do Karl era Adersson  (Anders (nome do pai)+ son (que significa filho, em sueco)). O sobrenome da Karin era Andersdotter (Anders (nome do pai+ dotter (filha, em sueco))
O engraçado é que essa lei perdurou até pouco tempo- acho que foi até o inicio do seculo XX; por isso tantos suecos tem sobrenomes iguais.
Uma amiga sueca me contou  que,quando um bebê nasce, se os pais são casados, a criança só pode receber o sobrenome do pai. Mas se os pais não são casados, a criança pode levar o sobrenome dos dois.

Já na america latina, parece que quanto mais nomes e sobrenomes, mais nobre é a pessoa.
E dá-lhes imaginação para juntar Andre+Gustavo; Rodrigo+Arnaldo; Rita+Gabriela; Pablo+Emiliano; Lorena+Daniela, e por aí vai...

No Brasil, quando uma criança nasce, se os pais são casados, o bebê recebe um nome, em seguida o sobrenome da mãe e, por último, o sobrenome do pai. Sendo que o sobrenome com maior peso é o do pai, certo?










Pois bem, no Mexico, o bebê recebe o nome, depois o sobrenome do Pai e depois o da Mãe. Entretanto, o sobrenome forte continua a ser o do pai.











E aqui no Mexico, os pais, geralmente, dão nomes compostos para os filhos. E sempre tem um dedinho de religiosidade nisso, alem de homenagearem os avós ou algum parente querido.
Na sala da minha filha tem uma menina chamada Macarena Guadalupe. Macarena em homenagem à avó e Guadalupe, por causa da Virgem de Guadalupe.
Meu vizinho tem o primeiro nome em homenagem ao avô, e o segundo nome é o mesmo do pai. A filha tem o nome da mãe e o segundo nome, em homenagem à outra avó.

Lázaro Cardenas
E claro, tem muitos homens com nomes de políticos importantes: Jose Maria, Augustin, Lázaro, Emiliano...






O mais engraçado é a confusão que as escolas e repartiões publicas fazem quando perguntam nossos dados.A confusão começa porque sobrenome em espanhol é "apellido". E para os brasileiros, apelido é um nickname, algo que alguem pões em você, quer goste ou não...
Primeira confusão desfeita, lá vem a proxima.
Para uma pessoa chamada Ana Maria Oliveira de Souza, tendo pai Jesus de Souza e mãe Maria Oliveira, o diálogo seria mais ou menos esse:

mocinha da recepção: Su nombre?             
Ana Maria:                : Ana Maria
mocinha da recepção: Su primeo apellido?  
Ana Maria                  : Oliveira
mocinha da recepção:Su segundo apellido?
Ana Maria                 : de Souza
mocinha da recepção:Nome de su padre?   
Respuesta:  Jesus
mocinha da recepção:Nome de su madre?   
Respuesta:  Maria

O diploma que ela a ana Maria receberia seria:
Ana Maria de Souza Oliveira  ou invés de seu nome original: Ana Maria Oliveira de Souza

E foi o que aconteceu com o meu filho, que recebeu um certificado de um curso com os sobrenomes trocados...
E vai explicar pra eles que o primeiro nome é da mãe....sociedade machista ......

Saludos!!

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Trânsito, carros, semáforos, enfim

Algumas curiosidades sobre o assunto, aqui no Mexico:


  • Existem avisos nas rodovias lembrando ao motorista que as seguradoras não cobrem os danos se for comprovado que, em caso de acidente, o carro estava acima do limite permitido. (Ponto Positivo, né?)
Onibus e Taxi na cidade do Mexico

  • Sabe aqueles cruzamentos imensos que vc fica horas esperando o sinal abrir para poder virar à direita? Aqui, você pode virar à direita mesmo se o sinal estiver fechado. Por um lado, evita que o trânsito se forme em ruas muito movimentadas, por outro lado, os pedestres estão f* porque...
  • Pedestre e nada é a mesma coisa. Nem na faixa de pedestre e nem no farol fechado para carros.
  • Os semáforos são "deitados" e tem várias coisinhas redondas. Aí, no começo vc fica confuso esperando que alguma luz se acenda pra vc seguir em frente; e depois vc segue em frente de qq maneira porque os outros carros atras de vc ameaçam passar por cima!

  • Nos shopping centeres e grandes supermercados, vc pega o ticket na entrada e na hora de pagar, vc utiliza uns caixas eletrônicos, super práticos, que sempre tem troco. Vc coloca seu bilhete, a maquina calcula quanto vc deve de estacionamento, vc insere as notas, ou moedas, recebe o troco e vai embora. Nada daquelas moças paradas catando mosca nos caixas de estacionamento ...(E não me venha dizer que as maquinas tiraram o emprego dessas moças porque para fazer cada maquina, devem trabalhar muitas moças, né? Mesmo que sejam chinesas...)

Taxi em Guadalajara

  • Os caras são folgados. Um dia, na fila da saida de um shopping, vimos uma big caminhonete sair de uma fila, embicar na outra e forçar a passagem até quase bater em um outro carro, só para poder sair primeiro. O cara do outro carro até reclamou, acho que até xingou, mas não pôde fazer muita coisa: era um corsinha X big caminhonete ! Meu marido e eu ficamos com um pouco de medo: vai que o cara é um narco (como eles chamam os traficantes, por aqui)...
  • Os ônibus daqui parecem saidos dos filmes escolares americanos. São pequenos, soltam fumaças, lentos, e claro, ineficientes para a população em geral.
Carro de Policia na cidade do Mexico




E, por último (por enquanto) : Nunca, em hipótese alguma, saia da rodovia principal, para pegar uma outra estrada. Os pais de uma amiga sairam dos EUA e vieram para Guadalajara. Tudo bem até que, faltando 100km para chegar, eles resolveram pegar uma outra estrada para ir a um povoado. Pararam para almoçar e assim que pegaram  a estradinha, duas caminhonetes os cercaram, roubaram todos seus pertences, levaram o carro, deixaram o senhor só de cuecas, e todos sem sapatos, embaixo de um sol pesado. Eles tiveram que caminhar no asfalto quente, com duas crianças no colo (que graças a Deus, os bandidos não levaram - nas palavras da mexicana!)por quase 1 hora para conseguir ajuda.

Mas tambem conheço um casal que viajou de carro pelo mexico e não lhes passou nada.

Na dúvida, fico com a estrada principal. E nunca viajo à noite.

Saludos.

 

Carros e Carrões

Tem cada carrão por aqui!
Carrão não é bem o termo, melhor seria : cada caminhonete !!!!
Nessa foto abaixo, o muro preto tem quase dois metros, só pra ter uma ideia de escala...


Guadalajara é como uma versão rancheira do Mexico, e a sociedade reflete isso no seu modo de vida e de consumo.
Traduzindo melhor.... sabe o Texas? Ou aquele seriado Dallas (do seculo passado)?
Entonces, os caras aqui tem carrões gigantes, caminhonetes e SVU imensas.
Corta!

Vira pra São Paulo.
Trânsito caótico, motoristas mal educados, estressados, carros pretos ou em todas as gamas de cinzas, poucas cores alem disso.

Volta pra Guadalajara.
Trânsito intenso, pouca educação dos condutores e pedestres, ruas mau sinalizadas, caminhonetes brancas dando fechadas.

Opa! Brancas ?
Sim, brancas. Parece que os moradores daqui amam carros brancos. De cada 10, 8 são brancos, 1 é cinza e 1 é vermelho.
Andei perguntando para diferentes pessoas porque tanto carro branco e cada uma me respondeu uma coisa diferente: " Reflete mais o calor"; "É mais fácil de consertar se for batido"; "Branco suja menos que cores escuras".
.

O motivo ao certo eu não sei, mas o fato é que o branco está em toda parte











Quando regressei ao Brasil, vinda da Suécia, eu queria um carro pequeno(a vida toda tinha tido carros como a palio weekend) e preto. Acabei comprando uma Zafira (que era o tamanho de carro que precisavamos com dois labradores, dois filhos  e a ilusão de surfar todo fim de semana), mas pelo menos era preta.
Assim que mudamos para cá eu avisei: quero um carro pequeno e vermelho. Consegui o carro pequeno, mas teve que ser... branco!

Até o inicio das aulas eu pensava que todo mexicano tinha carrão, e branco.
Porem, no primeiro dia de aula, ao passar por uma escola de gente muito rica,  reparei que na rua só tinha aquelas SVU imensas, de marcas maravilhosas tipo Chrysler, BMW, H (nunca sei se é Honda ou Hyundai...), Mercedez, Dodge, etc..mas que 99% eram cinza metálico.
Isso porque a norma geral é não ostentar porque a industria do sequestro é bem ativa por aqui.
Se bem que os seguranças da escola estão sempre armados, com metralhadoras.
E tambem vi muitos seguranças particulares.

Então, concluo eu, talvez os mexicanos normais tenham carros brancos e os ricaços tenham carros cinzas.
Muda a marca e o modelo, mas são todos grandes.
Cada um na sua faixa de renda...
Mas o sonho de consumo é o mesmo:

  TER para parecer SER.
 

Well, eu sou, e não tenho a menor intenção de ter. Tanto que comprei um carro pequeno, bom, e barato.

E saiam da frente porque aqui a lei é a da selva.

Bi-biiiiiii.

Andrea





quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Saude e habitação

Estou chocada!
Ou talvez desinformada.
Mas por enquanto, chocada!

Conversando com a "muchacha" que trabalha aqui em casa descobri que não existe um sistema público de saúde mexicano, que atenda toda e qualquer população, de graça.

Numa pesquisa rápida, descobri que existe um Seguro (tipo un INSS) para empregados de empresas privadas e outro para empregados de empresas públicas. E há inumeros outros, do tipo dos nossos convênios médicos e odontológicos.
E para quem não tem emprego, ou não paga o Seguro (caso da muchacha aqui de casa), não há nada.
Se você não tiver nenhum tipo de seguro- convênio e sofrer um acidente ou tiver uma doença grave, bau-bau; tchau-tchau; já era; se f....
Existem alguns hospitais sem fins lucrativos ( âhn?) que irão te atender nesse caso grave, e vão te cobrar, pelo atendimento. Vão cobrar pouco, é certo, mas vão cobrar !

E aí penso eu, e a saúde das crianças, gestantes e idosos? Como é que fica se a metade da população não atendida é de pessoas com menos de 29 anos? (fonte:
 
Fiquei imaginando se o Mexico não tem tanta pobreza quanto o Brasil, mas se não tivesse, não teria tanto mexicano imigrando para outros países, certo? E tambem não teria metade da população solicitando ajuda à outras pessoas para pagar gastos com alimentos, aluguel, agua, luz e medicos. (fonte: minha pesquisa no site do Instituto de Estadistica e Geografia - INEGI, do Mexico).
 
Por outro lado, um dos grandes problemas brasileiros, a falta de acesso à aquisisção de habitação pela população de baixa renda, parece não ser tão preocupante nas cidades mexicanas.
 
Claro que nem todos moram em bairros maravilhosos, com bom serviço de agua , energia e transporte, mas, com o tal Seguro/convênio que os trabalhadores pagam, é possivel acumular "Pontos" para adquirir uma casa, ou um terreno.Como é essa contagem de pontos, ainda não descobri, parece ser meio confusa...
E mesmo pessoas sem muita renda, podem ir ao Banco pedir empréstimos, que serão intermediados por uma especie de Fundação/Associação e poderão pagar seus imprestimos pelo resto da vida. Algo como a Caixa Econômica faz no Brasil, mas sem restrição de renda mínima.
O mais interessante, para mim, é perceber como países com processos de urbanização tão semelhantes, com uma história de colonização tão parecida, podem ser tão diferentes na questão do bem estar social (sem trocadilhos, por favor....).
Eu teria que estudar um pouco de economia, historia social para explicar essas diferenças, mas essa não é minha praia e deixo para vocês.
 
E o que era pra ser um post sobre o caos do trânsito e suas regras maluquetes, virou um choque cultural, kkk
Depois eu falo sobre os carros..
Saludos !
 
 
 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O Homem, os Alimentos e os Deuses. Ou: você é o que você come - na versão Mexicana

Vou logo avisando que este post não é politicamente correto.

Porém, minha intenção é mostrar como a má alimentação  da maioria dos mexicanos, alem de prejudicar a saude da população, tambem está ficando estampada no corpo e rosto das pessoas.
Desde que me tornei pré-diabética, tenho tentado manter uma alimentação saudável e aprendi muito com minhas medicas e nutricionistas sobre os alimentos.
Não sou expert e não vou dar conselho pra ninguem sobre o que, como, quanto, quando comer; mas tenho a impressão de que o Mexico está caminhando em uma direção contrária à que eu estava indo e confesso, isso me chama bastante a atenção.

É notório e bastante interessante a relação das antigas civilizações pré-hispânicas com os alimentos e com os deuses.
No Mexico antigo, a comida era o elo entre os humanos e os deuses.  No calendário agrícola dos antigos, haviam oferendas e celebrações para cada etapa de amadurecimento do milho (Maíz) e cada etapa tinha um deus (Téotl) específico.
Xilonen era a Deusa do Maíz tenro.
Centéotl, o Deus do Maíz normal; e Chicomecóatl, sua contraparte feminina.
Ilamatecuhtli, a Deusa do Maíz maduro.

E você sabe que existiam várias cores de Maíz?
Sim, existia o milho vermelho (cujo Deus era Xiuhtocentéotl)
O milho branco ( Deus Iztaccentéotl)
Milho amarelo (Deus Cozticcentéotl)
E finalmente, o milho negro (e seu Deus Yauhcentéotl)

Não, não existe nenhum milho verde - que alías, não sei porque chamamos de verde se ele é amarelo !!!

E depois os homens domesticaram os feijões (um dia vou ao mercado e conto quantos tipos existem - acho que são dezenas!).
As sementes de cacau eram usadas como moeda de troca e eram bem valiosas, assim como o chocolate quente era uma bebida permitida apenas para nobres e sacerdotes (sempre aquela velha ladainha: o que é bom, não é para o bico do povo).

Enfim, pra não me alongar muito, a questão é que os mexicanos comem hoje, o que seus antepassados comiam. Entretanto, não gastam um terço da energia que os antigos gastavam.
O resultado disso? Gordura acumulada. Onde? No abdomem, claro.Os famosos pneuzinhos.



E pra piorar a situação, eles são viciados em salgadinhos tipo Elma Chips, todos com muita pimenta, é claro, alem de muito sal.
E a mania nacional de não comer salada crua ? Eles usam tomate, cenoura e coentro. cozinham tudo para fazer as salsas e acham que basta.
E fibras? Isso porque aqui tem o amaranto, um cereal rico em ferro,calcio e super nutritivo. Eles fazem doces com amaranto e carregam no açucar e no melado. Não adianta, né?
E agua? Eles trocam por litros de refrigerantes diários (nada diet, viu?)

Enfim, uma alimentação rica em carboidratos, gordura, fritura e sal,  somada à falta de exercícios e à ingestão de salgadinhos e refrigerantes, só pode resultar em gordura acumulada. A tal gordura visceral, que se aglomera ao redor dos nossos orgãos internos e é responsável pelo aumento de diabetes e hipertensão (entre outras doenças) na população mexicana - inclusive em crianças.

O que os Deuses tem a ver com isso, hoje?
Nada.
Os hábitos antigos permanecem - comer uma grande refeição no meio da manhã (quando os  caçadores saiam para a caça) e outra no meio da tarde (quando regressavam da caçada).
A ingestão de alimentos muito calóricos na mesma refeição - e hoje em dia pobres em nutrientes.


E o resultado é esse, principalmente para os corpos femininos no Mexico
 bunda esparramada, e pneus pra todo lado...



Não que eu seja uma beldade, mas  não adianta: a gente é o que a gente come; e o corpo expõe fora o que colocamos pra dentro.



É isso.
Saludos.